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Enviada em: 04/09/2017

"Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa". A frase de Ariano Suassuna representa o problema da produção artística no Brasil, em que, por causa da atuação da Indústria Midiática, passou a ser reproduzida de maneira automática para agradar as massas e almejar apenas o lucro. Assim, além da mecanização de certos elementos da arte, no Brasil, os artistas são desvalorizados pela sociedade e, parte deles, ainda não são totalmente aceitos e respeitados, porque são vistos como indivíduos desocupados.    Em primeiro plano é importante ressaltar que a produção artística não só faz parte da identidade de uma nação e de seu povo, mas também contribui para o desenvolvimento dela, na medida em que, por meio dessa prática, os cidadãos podem expressar suas insatisfações e o seu desejo de mudança. No entanto, as escolas brasileiras não incentivam o fazer artístico e o estudo dessa disciplina entre crianças e jovens, que poderia ser utilizado como meio de inclusão social e que poderia ajudar diversos indivíduos que moram em periferias a não ingressarem em atividades criminosas, por exemplo. Logo, o país deixa de aproveitar milhares de talentos que auxiliariam no progresso da nação como um todo.   Ademais, a própria sociedade olha com "maus olhos" para certas tribos urbanas que produzem sua própria arte, que carrega tal personalidade. A arte urbana, por exemplo, composta pela dança "break", pela música hip-hop e pela arte visual grafite, é extremamente estigmatizada no Brasil, em grande parte pelas classes mais abastadas, por representarem a voz de jovens inconformados com a situação política, econômica, cultural e com a desigualdade social. Desse modo, essas pessoas manifestam nas ruas essa revolta em forma de arte e acabam por serem vistas como marginais ou vândalas, quando na verdade, assim como os outros, elas também são cidadãs que compõem as cidades.   É evidente, portanto, a necessidade de medidas que mitiguem o impasse. Cabe ao Ministério da Educação valorizar e incentivar o estudo das artes, da mesma forma que a matemática é valorizada, por exemplo, por meio de projetos sociais nas escolas que forneçam oportunidades para os estudantes desenvolverem habilidades e por meio de profissionais qualificados que ensinem a história da arte, por exemplo, e que motivem esse aprendizado. Cabe ao Ministério da Cultura, por sua vez, a disseminação de campanhas que possam ir de encontro ao pensamento preconceituoso da população no que diz respeito a determinados modos de produzir arte, a fim de que essa situação se modifique, bem como cabe à sociedade se conscientizar sobre a importância de se valorizar os mais diversos artistas e sobre a relevância da arte como meio de denúncia social.