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Enviada em: 23/09/2017

Walter Benjamin, filósofo alemão, propôs que a popularização da arte beneficiaria a sociedade na medida em que democratizaria o acesso a ela. A ideia era de que, conforme as manifestações artísticas invadissem espaços que antes elas não estavam, o interesse e a disseminação delas aumentariam. Contudo, no Brasil, a produção artística e, principalmente, as pessoas que trabalham com isso sofrem enormes entraves para serem aceitas e reconhecidas. Averiguar, portanto, os desafios desse cenário é imperativo para que a arte seja ,de fato, democratizadora.       Em um primeiro momento, é preciso destacar que o principal desafio da produção artístico no Brasil é a valorização do artista, principalmente quando ele está enquadrado na arte popular. Isso ocorre porque, geralmente, aquele que trabalha com isso não tem sua atividade reconhecida como profissão, mas sim como um “hobbie” ou ainda como vandalismo – vide os grafiteiros, que infelizmente sofrem com o preconceito da maioria da população. Ainda assim, esse cenário começa a dar lampejos de mudança: artistas, como o britânico Banksy, já são reconhecidos internacionalmente por suas intervenções em ambientes urbanos; do mesmo modo, empresas estão, cada vez mais, solicitando que grafiteiros façam sua arte no ambiente delas, como foi o caso da Companhia GOL, que teve diversos aviões ilustrados pelo grafite de Os Gêmeos.       Paralelamente, outro fator se sobressai nesse cenário de desvalorização: a falta de uma educação artística desde a juventude na sociedade brasileira. O currículo escolar deficiente de uma instrução musical, artística e literária séria priva o individuo de diversos benefícios da arte. O caráter inclusivo, denunciador e desenvolvedor de habilidades que pode ser adquirido por meio de uma educação artística formal fica em segundo plano na escola atual. Em um cenário em que a arte é tida como um meio hermético de difícil entendimento e que o aluno não é guiado de forma eficiente, é fácil compreender o motivo de uma desvalorização social das manifestações artísticas.        Fica claro, portanto, que o principal desafio da produção artística no Brasil é aproximar a arte da população, valorizando quem a produz e instruindo o individuo para melhor compreendê-la. Para isso, o Ministério da Cultura deve buscar a regularização profissional para pintores, músicos e dançarinos, dando oportunidade para eles se dedicarem a produção artística com o respaldo de direitos sociais e trabalhistas como em qualquer outra profissão. Do mesmo modo, o Governo deve buscar aprimorar a educação artística, criando disciplinas de aprimoramento artístico e estudo da importância da arte. Para melhorar esse processo, é imprescindível a parceria de ONGs e empresas no processo de criação de ambientes culturais, aprimorando essa aproximação do publico com a arte e enaltecendo artistas locais.