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Enviada em: 20/09/2017

Irracional. Descabida. Bizarra. Esses são apenas alguns adjetivos utilizados pela grande maioria de indivíduos ao ver uma das mais ousadas e revolucionárias obras de arte já apresentada: "A Fonte", de Duchamp. Nesse sentido, é inquestionável que a inaceitação de certas formas "não tradicionais" de expressão e a falta de incentivo para artistas são fatores que ainda traduzem os desafios da produção artística no Brasil.       Nesse sentido, é indubitável que nem toda prática artística é bem vista pela sociedade.  Desse modo, embora as opiniões populares defendam que o papel da arte é de apenas representar a realidade de forma fidedigna, é irracional não acreditarmos que a pintura, a literatura ou a música vão além da mímese: o produto final oferecido por um artista não só vem de uma interpretação particular da realidade como também propicia uma interação com as nossas próprias emoções. Afinal, de onde surgiram as críticas da concepção de "feio" ou "inadequado" para a mais considerável obra do Dadaísmo se não do choque entre o que acreditamos ser belo e adequado a partir da nossa observação e do nosso próprio entendimento?       Além disso, não há incentivos para "deselitizar" o acesso à arte. Por esse viés, as tentativas de expressão de jovens periféricos por meio do grafite têm sido cada vez mais combatida com programas como "São Paulo Cidade Linda", que dentre outras medidas pretende apagar painéis grafitados como desculpa para tornar a cidade mais bela. Com isso, torna-se ainda mais evidente a preferência pela beleza de um local acinzentado pelo concreto do que colorido pelas tentativas de visibilidade de indivíduos calados pela periferização e pela sua marginalidade social.     Assim, é necessário que o Poder Executivo, por meio das Secretarias de Cultura de cada município, em parceria com os artistas locais, promova exposições gratuitas ao público em geral para tornar os conhecimentos artísticos mais acessíveis a indivíduos de todas as classes sociais. Além disso, pode-se disponibilizar locais específicos em cada cidade para que a cultura do grafite possa ser apreciada, como em paredes de túneis, por exemplo.