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Enviada em: 31/10/2017

Na época da Guerra Fria, o muro construído em Berlim foi alvo de várias pixações que representavam os sentimentos e as contestações políticas daqueles que estavam divididos na cidade. Nessa perspectiva, a arte urbana é um dos principais meios de pessoas oprimidas se manifestarem, serem vistas e divulgarem sua realidade social, o que representa sua voz perante à população, bem como uma forma de integrar comunidades em prol de uma causa. Destarte, a produção artística deve ser evidenciada no cerne da modernidade, porém, no país, ela enfrenta desafios referentes ao seu reconhecimento dentre os brasileiros e ao tolhimento de sua manifestação pelo governo.    Exordialmente, a população como um todo não reconhece nas artes urbanas os sentimentos sociais por trás dessa. A pixação, o grafite e o rap são exemplos de uma cultura popular, periférica e de contestação à realidade oprimente na qual os artistas vivem, muitas vezes, acometidos pela violência, pela pobreza e pela criminalidade à sua volta. Nessa perspectiva, o preconceito que os brasileiros têm para com essas manifestações é fruto de um caráter conservador, que se consolida pelo ideal de que arte só é apresentável nos museus ou em grandes convenções - não reconhecendo que o homem é fruto do seu meio, como defendia o psicólogo Freud.    Corroborando o preconceito social vigente, as administrações municipais reprimem os artistas contemporâneos e seu meio de trabalho. A exemplo disso, o prefeito de São Paulo, João Dória, está apagando as manifestações de grafiteiros pela cidade nesse ano de 2017, o que evidencia o desrespeito para com essas no Brasil. Nesse viés, a tese de Thomas Hobbes de que os homens tendem a sobrepor seus interesses e entrar em conflito, relaciona-se ao caso em questão, pois o governante denigre uma expressão social e não respeita as intenções dessa classe artística, apenas visa suas vontades próprias.    Infere-se, portanto, que a liberdade de expressão necessita ser garantida e os artistas contemporâneos valorizados. No intuito de alterar o conservadorismo presente na mentalidade geral, o Ministério da Educação poderia mostrar a realidade, desprovida de preconceitos, aos alunos do ensino fundamental, por meio de aulas de artes com foco na contemporaneidade, oficinas de grafite nas escolas e a visitação de locais onde o grafiteiros e pintores executam suas obras, a fim de demonstrar os sentimentos que esses autores empregam nelas, de promover um sincretismo cultural desde a infância, para que, desse modo, a futura geração possa crescer de forma mais engajada culturalmente e evitando discriminações. Mediante essas atitudes, o desafio da produção artística no Brasil seria reduzido e as condições socioculturais expostas de forma mais efetiva.