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Enviada em: 08/04/2018

A arte pode ser representada por um conjunto heterogêneo de manifestações. Nesse contexto, ela se torna um canal para a expressão das diferentes realidades sociais, culturais e econômicas. No entanto, é possível identificar no Brasil a permanência dos ideais de criminalização sobre o grafite e de repúdio ao funk, os quais representam dois exemplos de manifestação artística. Tal realidade é resultado da falta de conhecimento sobre a história humana e do preconceito contra a periferia.   Em primeiro plano, de acordo com a história é possível correlacionar o grafite com as pinturas rupestres. Assim, embora seja classificado como vandalismo por alguns, ele é um registro da vida humana atual, semelhante ao que os primeiros homens fizeram na pré-história. Desse modo, se percebe que o incômodo e a crítica ao grafite não revelam uma tentativa de tornar a cidade mais "limpa", mas, um desconhecimento da história da arte e do ser humano. Bem como, uma oportunidade de impedir o direito de expressão garantido pela democracia e de esconder as desigualdades urbanas reveladas nos painéis.   Em segundo plano, no ano de 2017 um projeto de lei de criminalização do funk com 20.000 assinaturas dos cidadãos brasileiros entrou em debate no Senado. Tal acontecimento é semelhante ao ocorrido com o samba, rap e capoeira, rotulados como incitadores ao sexo, à violência e à degradação dos valores morais e ético. Dessa maneira, se observa que quando o estilo musical possui origem humilde ou de periferia, ele sofre preconceito e criminalização imediatos. Assim, ao invés de refletir sobre o porquê das músicas revelarem algumas situações de violência, pobreza e desigualdade, torna-se mais fácil tentar calar as vozes dos subúrbios.    Portanto, diante dos desafios enfrentados pelo grafite e pelo funk como formas de representações artísticas, são necessárias ações educacionais e individuais. No tocante à educação, os núcleos pedagógicos dos cursos de licenciatura das universidades poderiam ampliar as ações integrativas realizadas nos estágios supervisionados dos discentes, de forma a maximizar o contato dos alunos de ensino médio e fundamental com a arte. Como também, os futuros professores poderiam executar aulas contextualizadas com as outras ciências e abertas para debate com os alunos, dessa forma eles poderiam comentar sobre a realidade sociocultural em que estão inseridos e quais as manifestações artísticas poderiam representá-los frente à sociedade. Outrossim, os cidadãos devem utilizar os meios de comunicação para conhecer a realidade de seu país e buscar refletir sobre as desigualdades existentes. Desse modo, valores de empatia, educação e respeito podem ser cultivados na população.