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Enviada em: 19/04/2017

Equilíbrio aristotélico      No primeiro registro da história do Brasil, o escrivão Pero Vaz de Caminha, ao informar sobre a recente terra descoberta, destaca as diversas riquezas naturais encontradas apenas no litoral. Ao longo dos séculos, ao utilizar como justificativa esse "espírito de abundância", a busca do progresso econômico se tornou uma epidemia nacional. Com isso, surge o desafio da prevenção contra desastres ambientais que se encontra intrinsecamente ligado à realidade do país, seja pela ineficiência de leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social.       É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estão entre as causas do problema. De acordo com Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado. De maneira análoga, é possível perceber que a relação conflituosa do homem com o meio ambiente rompe essa harmonia, haja vista que, embora a Constituição possua 17 leis ambientais, há brechas que permitem a ocorrência de ações antrópicas, como desmatamento, construção em encostas e queimadas, as quais geram os maiores impactos na natureza e o maior número de perdas de vida já registrados.       Outrossim, destaca-se a ausência de uma consciência socioambiental como impulsionadora de tal problemática. Segundo Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e pensar, dotada de coercitividade, generalidade e exterioridade. Nessa linha de pensamento, observa-se que o desleixo com o ecossistema vigente pode se encaixar na teoria do sociólogo, uma vez que, se uma criança vive em uma família com esse comportamento, tende a adotá-lo por conta da vivência em grupo. Assim, a carência de pessoas conscientes, consolidada de geração em geração, funciona como um fator agravante para catástrofes naturais.        Entende-se, portanto, que os desafios da relação entre o homem e o meio ambiente são fruto do ainda fraco cumprimento de leis e da perpetuação do descaso com o meio ambiente como intenso fato social. A fim de atenuar esse cenário, o Governo Federal, em conjunto com a mídia, deve elaborar um plano de conscientização baseado na divulgação de comerciais e anúncios sobre os efeitos a curto, médio e longo prazo de cada ação negativa, além de reforçar a aplicação das leis por parte de empresas, contratando agentes especializados para fiscalização e proteção de florestas e reservas. Dessa forma, com base no equilíbrio proposto por Aristóteles, esse fato social será gradativamente minimizado no país.