Materiais:
Enviada em: 04/11/2017

Embora historicamente certos hábitos tenham sido fundamentais para a construção da vida em sociedade, contextos temporais específicos se mostram capazes de desconstruí-los. A alimentação, processo intimamente associado a experiências saudáveis em coletividade, tornou-se nas últimas décadas um transtorno pessoal bastante recorrente no Brasil, o que se pode explicar por fatores como indústria alimentícia e questões psicossociais. Visando ao aumento da lucratividade em suas atuações produtivas, empresas de gêneros alimentícios, nem sempre fiscalizadas periodicamente e fortalecidas por punições legais frágeis, convidativas à percepção de impunidade, sentem-se estimuladas a cometer diversas infrações. Rótulos incompletos ou vagos em suas informações nutricionais, assim como ingredientes em tipo ou quantidade incompatíveis à saúde do consumidor, ilustram um contexto nacional de desrespeito frequente aos cidadãos brasileiros. Outro aspecto decisivo nesse cenário de alimentação comprometida encontra-se no aumento relevante da ocorrência de doenças psicossociais contemporâneas. Patologias como ansiedade e depressão, motivadas por dinâmicas de uma sociedade de consumo opressora, proporcionam a alguns alimentos ricos em lipídios e calorias o papel de compensação emocional, potencializando o comprometimento do sistema cardiovascular, assim como níveis de sobrepeso e obesidade. Para que se reverta, portanto, esse cenário preocupante, urge a necessidade de que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária fiscalize, com maior periodicidade, indústrias quanto à composição dos gêneros alimentícios e comércio em geral no que se refere a acomodação e modo de servir. Outra estratégia importante consistiria em uma maior oferta pelas prefeituras de clínicas públicas especializadas em tratamento de patologias psicossociais, com acompanhamento clínico posterior. Crescem assim oportunidades de se alcançar um cotidiano mais saudável.