Materiais:
Enviada em: 27/03/2017

Desde o surgimento das trocas comerciais, quando o homem passou a explorar a força de trabalho alheia em prol de um lucro máximo, a escravidão tem sido um grande percalço na manutenção da dignidade humana. Antes vista como uma prática comum e plenamente aceita em algumas culturas e tradições, hoje em dia tal situação é considerada crime pela comunidade internacional. Mesmo com a criminalização, o número de vítimas a nível mundial é alto, evidenciando o desafio a ser enfrentado e a necessidade de novas medidas para a extinção.              Segundo dados da ONG Walk Free Foundation, cerca de 46 milhões de pessoas no mundo vivem uma situação de escravidão moderna. Na realidade brasileira, os maiores casos são encontrados nas zonas rurais, como por exemplo na atividade pecuarista, na produção de carvão e nos cultivos de soja e cana-de-açúcar. Nesses casos, em maioria, as vítimas são migrantes que deixaram suas cidades e famílias em busca de melhores condições de vida e acabam se sujeitando a péssimas condições de trabalho como forma de tentar sobreviver. Entretanto, não apenas a violação dos direitos humanos impulsiona a escravidão.          De acordo com o Ministério do Trabalho, o trabalho impulsionado por dívida, o isolamento geográfico do trabalhador, a retenção de documentos, de salários, além de ameaças física e psicológica constituem em formas adversas de servidão moderna. Isso surge dentro da realidade de que muitas vítimas desconhecem os próprios direitos que lhe são adquiridos e a responsabilidade do contratante sobre a sua integridade. A culposa negligência dos empregadores como forma de fugir da burocracia da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) também exerce grande influência, tanto no setor formal quanto no informal.                Portanto, como forma de atenuar os casos de escravidão, algumas medidas são necessárias. A princípio, é necessário que o Ministério do Trabalho intensifique a fiscalização nas áreas isoladas e promova uma política de denúncia anônima, através de postos distribuídos pelas cidades. Além disso, é necessário que as escolas, em parceria com o Ministério da Educação, reforcem, em sala de aula, as leis às quais todos os trabalhadores e empregadores são submetidos, incluindo seus direitos e deveres. Por fim, é necessário que a mídia divulgue, através de vinhetas curtas, situações de escravidão moderna, estimulando a capacidade crítica da condição em que muitos estão sujeitos sem que saibam. Assim, pode-se esperar que se institua o verdadeiro progresso, já que como dizia Mahatma Gandhi, "a liberdade e a escravidão são estados mentais", cabendo a cada um a decisão de quebrar as próprias correntes.