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Enviada em: 06/08/2017

A saga dos ancestrais    A assinatura da Lei Áurea, em 1888, representou o fim do direito de propriedade de uma pessoa sobre a outra, colocando fim à possibilidade de se ter legalmente um escravo. No entanto, persistem situações, como dividas, que mantêm o trabalhador sem possibilidade de se desvincular de seus patrões. Dessa forma, surge a problemática dos desafios do combate do trabalho escravo no século XXI, seja por interesses capitalistas, seja pela ineficácia das fiscalizações.   É indubitável que ambições capitalistas estejam na origem do problema. Segundo Karl Marx, ao longo do tempo, a dominação de uma classe social sobre a outra desviou o trabalho de sua função positiva. Em vez de servir ao bem comum passou a ser utilizado como fonte de enriquecimento de alguns. Algumas empresas, tendo como objetivo o maior lucro possível, submetem os seus trabalhadores a jornadas exaustivas, sem oferecer alimentação e transporte, desrespeitando as leis trabalhistas vigentes no país.   Outrossim, de acordo com dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência, em 2015, 1010 trabalhadores foram resgatados em condições análogas às de escravo. O trabalho escravo no Brasil ocorre, sobretudo, nas áreas em que a força de trabalho é essencial à produção, como seringais, garimpos e produção de carvão vegetal. São áreas, geralmente, distantes dos grandes centros urbanos em que a fiscalização atua de maneira muito precária, ou simplesmente inexistente.    A escravização trabalhista, portanto, está diretamente relacionada à cultura capitalista e à fragilidade dos meios fiscalizatórios. Desse modo, a fim de atenuar esse transtorno, o Governo, por meio do Ministério do Trabalho, deve capacitar e contratar profissionais, por meio de concursos públicos, aliado à esfera Estadual e Municipal, visando a expansão e rigorização das fiscalizações dessa atividade. Ademais, a escola, por seu papel educador, deve promover palestras e peças teatrais, com psicólogos e pedagogos, para instruir pais e alunos sobre os seus direitos e deveres trabalhistas; a população, por seu caráter reivindicador, deve pressionar a mídia por meio das redes sociais, por exemplo, para que ela divulgue os maus tratos que ocorrem em algumas regiões. Dessa maneira, a saga dos ancestrais, nativos e africanos, que ainda perpetua no Estado brasileiro finalmente será cessada.