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Enviada em: 26/10/2017

Egípcios, gregos, mesopotâmicos, índios, africanos: nos livros de História, povos escravizados, apesar de frequentes, parecem pertencer a um passado já superado. Entretanto, notícias sobre indivíduos trabalhando, ainda hoje, em condições degradantes e cumprindo jornadas exaustivas continuam a ser recorrentes. Isso mostra que a escravidão, apesar de abolida no Brasil desde 1888, ainda se faz presente nas relações de trabalho contemporâneas. Destarte, ações conjuntas entre o Estado e a sociedade são imprescindíveis no combate a esse recalcitrante mal social.       Em sua crítica ao capitalismo, o sociólogo Karl Marx explica que ao proletariado, por não ser detentor dos meios de produção, resta somente a opção de vender sua força de trabalho. No caso do trabalho análogo ao escravo, tal exploração é agravada, já que o trabalhador é submetido a condições indignas de sobrevivência, chegando ao extremo de não ter nem água potável para beber e ainda possuir sua liberdade de ir e vir cerceada, como mostrado no documentário "Frente de Trabalho", produzido pelo Sindicato dos  Auditores Fiscais do Trabalho, em parceria com o Ministério Público. Todo esse quadro geralmente decorre de um panorama social em que o empregador almeja lucros cada vez mais altos e o empregado, em situação de vulnerabilidade econômica, não encontra outra alternativa que não seja submeter-se a tais condições.        Outro aspecto que contribui para a persistência dessa conjuntura é o ciclo vicioso do trabalho escravo. Nessa circunstância, o trabalhador, sem acesso à educação formal e à qualificação profissional, não encontra opções de trabalho digno e por isso acaba submetendo-se ao trabalho escravo, como condição única de subsistência. Ao ser encontrado pelos fiscais, é libertado e recebe indenização e seguro desemprego, mas não recebe qualificação. Assim, ao ver-se novamente sem emprego e sem dinheiro, retorna ao trabalho em condições precárias e degradantes, fechando novamente o ciclo.        Em plena era pós-moderna, combater o trabalho escravo é, portanto, imperativo e prioritário. Para tanto, o Estado, por meio do Ministério Público do Trabalho, precisa intensificar as fiscalizações e apurações de denúncias, bem como punir adequadamente aqueles que exploram mão de obra escrava. Além disso, políticas públicas que visem a assistir as vítimas, por meio de qualificação profissional, acompanhamento socioeconômico e reinserção ao mercado de trabalho, de forma digna, são indispensáveis. Já à sociedade, cabe denunciar qualquer tipo de trabalho realizado em situação precária e também boicotar marcas e produtos que utilizem mão de obra escrava. Afinal, trabalho e dignidade devem semrpe caminhar juntos.