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Enviada em: 03/04/2018

O conto machadiano "Memórias póstumas de Brás Cubas", por meio do protagonista, aborda um tema universal e atemporal: a maldade humana. Dessa forma, o trabalho escravo se mantém neste país. Assim, deve-se analisar como a herança histórico-cultural e o poder público prejudicam a questão no hodierno.       A herança histórico-cultural é a principal responsável pela manutenção do trabalho escravo. Isso decorre do século XVI, quando a ordem escravocrata disseminou ideias de superioridade étnica. A sociedade então, por tender a incorporar estruturas sociais de época, conforme defendeu o sociólogo Pierre Bordieu, naturalizou esse pensamento e passou a reproduzir ideias de superioridade. Lamentavelmente, as segregações sociais ainda persistem, através de trabalhos em condições desumanas. Por consequência disso, cada vez mais pessoas se encontram na linha da extrema pobreza e se submetem às situações supracitadas.       Atrelado à sociedade, nota-se que o poder público negligencia os direitos da população. Isso porque, embora a Constituição Federal de 1988 os garanta sem distinções, o Estado não garante a efetivação de muitas conquistas trabalhistas, como o salário digno e jornada monitorada. A regra constitucional garante os direitos, mas a realidade é contraproducente, pois os interesses econômicos do poder público impedem o compromisso com a fiscalização das leis. Porém, não se sustenta a tese de que no limiar do século XXI, ainda exista escravidão.        Torna-se evidente, assim, que no Brasil, os desafios para o combate do trabalho escravo se mantém, pois as populações são historicamente inferiorizadas pela sociedade e pelo Estado. O governo Federal, portanto, por meio do Ministério da Educação deve incluir como componente curricular obrigatório o ensino sobre a cultura e história dos povos em todos os níveis de ensino, a fim de impedir o desenvolvimento e potencialização das segregações que geram trabalhos escravos.  Dessa forma, o egoísmo descrito por Machado de Assis, tornar-se-á apenas fantasioso.