Materiais:
Enviada em: 29/07/2018

No século XVI, em meio aos conflitos entre igreja e população, João Calvino pôs em prática a sua teoria da predestinação absoluta e proclamava a ideia do trabalho como ferramenta para a condução da dignidade humana. Hoje, no entanto, nota-se que o postulado do suíço não se aplica a todos, principalmente pelo fato de muitos indivíduos estarem submetidos a situações degradantes e condições sub-humanas de exploração trabalhista. Nesse sentido, cabe analisar o fator preponderante que tornou o trabalho um sistema de opressão simbólica.  Mormente, ao analisar a sociedade antes das transformações motivadas pelo capitalismo industrial, observa-se que não havia muitas disparidades entre o empregador e o empregado, ambos compartilhavam das mesmas privações e confortos. Fato este que também foi descrito na obra “Raízes do Brasil” de Sérgio Buarque, na qual o escritor revela, ainda, terem sido as revoluções industriais que estimularam o antagonismo de classes e, posteriormente, a relação hierárquica, que facilitou, ao proprietário, a exploração de seus operários a troco de salários irrisórios. Nesse contexto, ficou evidente que o novo regime (capitalismo) romperia as cooperações no setor trabalhista e visaria ao lucro acima de tudo, mesmo que para isso fosse necessário a exploração dos proletariados.                           Todavia, é interessante ressaltar que, na sociedade moderna, a fim de evitar a continuidade dos abusos que ocorriam séculos atrás, foram criados mecanismos jurídicos de proteção ao trabalhador. Tais como as normas internacionais, que envolvem princípios dos Direitos Humanos e que é mediado pela OMT, ou os sindicados, que buscam estabelecer sempre as melhores condições para os empregados de acordo ditam as leis do país. No Brasil, por exemplo, tem-se a CLT, que foi promulgada na época do Estado Novo varguista, mas que, embora apresente um conjunto de leis importantes, sua integridade é questionada e muitas vezes desrespeitadas pelos grandes empresários. Aliás, são eles os responsáveis por promover o “trabalho escravo” no Brasil, que deixa o operário em uma situação de vulnerabilidade e conduz a um ciclo no qual dificilmente o indivíduo consegue se afastar.   Posto isso, fica evidente que será necessária uma mobilização social para alterar essa mazela internacional, de modo que o cidadão deixe de lado o caráter Macunaíma para pensar no bem coletivo. Assim sendo, é fundamental que o público consumidor exija de seus fornecedores a transparência de todo o processo produtivo, a fim de evitar que haja exploração nas corporações de ofício. Ademais, poderá, o Estado de cada nação, investir no monitoramento dos grandes latifúndios e, ainda, fornecer incentivos fiscais às empresas que funcionarem de acordo regem as leis. Talvez assim, o postulado de Calvino ganhe as dimensões devidas para conseguir abarcar a todos.