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Enviada em: 16/08/2018

Reféns do Sistema    Até o final da década de 90, as medidas tomadas pelo Estado brasileiro para reduzir a taxa de natalidade do país eram praticamente nulas, tornando quase inevitável as gravidezes indesejáveis. Por isso, eram frequentes os casos de mulheres reféns de uma ideologia pró-família. Hodiernamente, apesar da sociedade verde e amarela ter vivenciado diversos avanços na área da saúde, o Brasil continua enfrentando inúmeros problemas de planejamento familiar.    Sendo assim, um desses empecilhos presentes na realidade brasileira é a marginalização das mulheres pobres. Uma vez que essas figuras não têm o alcance adequado à saúde e informação, as conquistas sociais nessas áreas se tornam insignificantes. Ou seja, a segregação socioespacial é, também, responsável para a desestruturação do núcleo familiar.    Ademais, a deficiente acessibilidade dessas mulheres aos métodos contraceptivos desencadeia uma série de consequências para a população feminina. Por isso, aproximadamente 56% das gestantes brasileiras não desejavam a gravidez, de acordo com a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca. Dessa forma, observa-se que não só a parcela carente da sociedade é afetada pelo desplanejamento familiar. Em suma, a má gestão do Estado para com a saúde pública também impõe um desafio para a resolução desse problema.    Torna-se evidente, portanto, que há dois vetores atuantes que, quando somados, refletem a realidade brasileira: desigualdade social e saúde pública, fazendo-se necessária uma intervenção nessas áreas. Dessa maneira, é fundamental que as prefeituras municipais construam mais postos de atendimento básico à mulher, nas periferias dos grandes centros urbanos, através de receitas públicas arrecadadas de impostos, a fim de que essas tenham um melhor acesso aos métodos e consultas gratuitas. Sendo, somente, assim, possível uma mudança no atual cenário brasileiro.