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Enviada em: 16/02/2019

No premiado filme americano "Juno", a personagem principal, que leva o nome da obra, engravida aos 15 anos de idade e passa pelos dilemas da maternidade muito antes do amadurecimento econômico e psicológico. Apesar de ser uma obra fictícia, infelizmente essa é uma representação real do cotidiano de muitas mães no Brasil. País esse que possui deficiências em empregar políticas adequadas de planejamento familiar e também onde possuir uma numerosa família é culturalmente bem visto, agravando ainda mais o já lastimável quadro socioeconômico da nação.        Em primeiro plano, consoante Aristóteles, o ato de governar não deveria ser, a princípio, pelo poder, mas para que fosse feita a justiça. Nesse viés, é papel do Governo prover ao povo políticas públicas que suavizassem as disparidades sociais. Apesar do conhecimento disso, torna-se evidente a ineficácia das diretrizes de atendimento à família, já que, a cada dez fecundados, quatro são frutos de acidente, segundo a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS). Ainda seguindo essa pesquisa, esses números se agravam ao levar em consideração as mães de baixa escolaridade, zonas rurais e em vulnerabilidade socioeconômica, tais dados denunciam a ineficácia em democratizar essas políticas de assistência básica à mulher no Brasil. Desse modo, torna-se evidente a responsabilidade do Estado na manutenção desse lastimável quadro no país.        Em segundo plano, às luzes de José Saramago, a modernidade tem tornado as perspectivas dos fatos elementos que cegam o indivíduo. No contexto cultural brasileiro, a forma pela qual a sociedade se dividiu e criou centros de culturas individuais, alienou àqueles que foram estruturados nela. Prova disso é que, segundo o site Mundo Educação, através de uma análise de dados do IBGE, é comum nas zonas ruais que os pais tenham filhos para auxiliá-los com a mão de obra nas roças de policultura. Essa decisão, infelizmente, não conta com uma visão para além do presente, gerando uma acomodação de uma pobreza estrutural no interior do Brasil. Portanto, a cultura brasileira é um fator primordial para que seja agravada a dificuldade da difusão  das políticas de planejamento familiar na nação.        Em virtude do que foi mencionado, é peremptório observar que tanto a estrutura estatal quanto a forma com que a sociedade brasileira se organizou são fatores responsáveis pelo nefasto quadro que é vivenciado no planejamento familiar. Logo, torna-se necessário que o Governo Federal, através do Ministério da Saúde, crie um programa para levar conhecimento sobre planejamento familiar ao campo, através de profissionais de saúde e assistentes sociais, utilizando métodos pedagógicos como filmes e palestras, em locais como postos de saúde da região, a fim de que, em um futuro próximo, as famílias possam ser estruturadas e não existam mais "Junos" no Brasil.