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Enviada em: 03/06/2019

Após meados da década de 1970, a pirâmide etária brasileira passou a ser formada, em grande parte, por idosos, enquanto que o número de jovens diminuiu. Esse cenário reflete uma maior preocupação da sociedade com o uso dos métodos contraceptivos, o que afetou o crescimento vegetativo brasileiro. Todavia, de acordo com o Ministério da Saúde, ainda é grande o número de gravidezes não planejadas e abortos, principalmente entre a população mais pobre. Dessa forma, o planejamento familiar enfrenta desafios não só pela precária educação em saúde oferecida pela atenção primária, como também pela dificuldade de acesso por muitos aos serviços de saúde.       Nesse contexto, apesar da lei do planejamento familiar garantir aos usuários do SUS o acesso a atividades educativas, aconselhamento e atividades clínicas, a atenção básica do país ainda é precária em atividades de educação. Nessa conjuntura, observa-se que há profissionais que apenas realizam a entrega dos métodos anticoncepcionais, sem realizar a devida avaliação e aconselhamento do paciente. Por conseguinte, muitos fazem o uso incorreto dos métodos e acabam por contribuir para os elevados índices de abortos clandestinos e dificuldades familiares.       Além disso, são lamentáveis os obstáculos de acesso da população pobre, marginalizada, ao planejamento familiar. Nesse sentido, a Pesquisa Nacional sobre o Aborto, de 2016, revelou que as maiores taxas de aborto estão entre negras e indígenas de baixa escolaridade. Desse modo, grande parte da população acaba por ser privada de seus direitos, inclusive o Constitucional, o qual garante que  a saúde é direito de todos e dever do Estado. Isto posto, comprova-se a necessidade de maior atenção dos serviços em relação a essa parcela da população.       Portanto, diante dos sérios desafios do planejamento familiar no Brasil, é preciso mudar essa realidade. Para isso, é importante que os gestores municipais de saúde incentivem os profissionais a realizarem atividades de educação em saúde. Nessa conjuntura, os profissionais realizariam, mensalmente, palestras, nas unidades básicas de saúde, acerca dos métodos contraceptivos, de modo a tratar dos seus riscos, benefícios, formas de uso e contraindicações. Para tanto, seria utilizada uma linguagem clara, objetiva e, além disso, haveria momentos de interação dos usuários. Por fim, o Ministério da saúde deve direcionar recursos para que haja uma maior atenção à população marginalizada. Nesse contexto, médicos e enfermeiros realizariam visitas domiciliares mensais à população de áreas carentes, de modo a analisar as condições de saúde da família e desenvolver uma avaliação para indicar o melhor método para o planejamento familiar. Assim, será possível  vencer os desafios e conquistar a igualdade de acesso à saúde.