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Enviada em: 14/08/2019

O historiador Yuval Harari, em sua obra "Homo Deus", ao analisar as mudanças de realidades no século XXI, conclui: "é necessário que mudemos nosso comportamento se quisermos evitar uma catástrofe". É possível estabelecer um paralelo pertinente entre essa assertiva e as atuais ações individuais de planejamento familiar no Brasil, haja vista que, a falta desse planejamento torna-se um fator para o desencadeamento de situações catastróficas. Dessa forma, é necessário que o país invista no planejamento familiar, tanto por razões sociais como por questões sanitárias.        Em relação ao primeiro viés, cabe destacar que as pessoas que não têm acesso a esse planejamento são as que mais precisam dele. Para elucidar essa ideia, é possível remeter ao que diz o sociólogo Zygmunt Bauman, em seu livro "44 cartas do mundo líquido moderno". Consoante o teórico, o nível de desigualdade social influi profundamente na dispersão e intensidade dos males. De modo análogo, a noção do que é um plano para programar a chegada de um filho se encaixa na fala do pensador no sentido de que pessoas que vivem em situação de pobreza tem menos alcance às informações para a formatação desse projeto. Felizmente, essa realidade tem sido analisada e projetos para difundir os conhecimentos sobre políticas de organização familiar têm sido realizados: alguns postos de saúde de São Paulo disponibilizam avaliações de planejamentos. Portanto, ampliar essas iniciativas de difusão dos conhecimentos sobre essa organização é uma forma de garantir sua maior efetividade, visto que as famílias que não possuem essas noções serão esclarecidas.       No que concerne ao segundo dado, é válido salientar o quanto o planejamento familiar auxilia na saúde pública. Para compreender esse aspecto, pode-se pontuar o que fala o humanista Thomas Hobbes: na ilha de Utopia,o homem prudente evita a dor antes de recorrer aos alívios. Lamentavelmente, a realidade brasileira distancia-se desse ideal: casos de gravidez na adolescência, por exemplo, são muito recorrentes - 70 nascimentos a cada mil adolescentes -, um dos motivos para esse alto número é o desconhecimento por parte da população dos métodos contraceptivos e do momento apropriado para um investimento na maternidade. Logo, é incontestável que a planificação das famílias é uma forma de evitar que problemas como esse ocorram.       Em suma, é necessário que essa política seja incentivada e difundida. Para isso, as escolas devem oferecer aulas de educação sexual. Isso pode ser feito por meio da sua própria grade curricular: aulas de biologia para estudar métodos contraceptivos; aulas de sociologia para entender os fenômenos envolvendo anomias em situações de gravidez precoce. Com efeito, paulatinamente, os cidadãos desenvolverão uma mentalidade que favoreça o entendimento da importância do planejamento familiar.