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Enviada em: 15/10/2019

No desenho animado ''Os Jetsons'', uma família harmônica e bem estruturada é exibida. Infelizmente, pela falta de planejamento familiar, meios saudáveis como o da obra ficcional são pouco constatados na realidade brasileira. Isso ocorre por vários motivos, sendo o patriarcalismo enraizado culturalmente e a ausência de educação sexual nas escolas os principais.    A priori, faz-se importante dizer que a inferiorização patriarcal da mulher ainda nos dias atuais atribui à figura feminina a obrigatoriedade de ser mãe, mesmo que ela não deseje genuinamente, agravando a falta de planejamento familiar, afinal, é ilógico planejar algo sem vontade. De acordo com o professor Boaventura de Sousa Santos, esse olhar machista sob a mulher existe desde a colonização, a partir do estabelecimento cultural do catolicismo, por reduzir a figura feminina a um papel apenas reprodutivo. Consequentemente, a sociedade atual usa da coercitividade para pressionar as mulheres a terem filhos, já que, segundo essas pessoas, esse é o papel feminino, dificultando, assim, o planejamento para constituir uma família. A constatação desse fato é vista em atos cotidianos, pois desde a infância, meninas recebem bonecas como presente de aniversário, resultado da maternidade imposta pela sociedade.    Evidentemente, o planejamento familiar também enfrenta o desafio da educação sexual nas escolas, pois os métodos contraceptivos fornecidos sem custo pelo Estado de nada adiantam, caso os adolescentes não aprendam como usá-los, por exemplo. A título de ilustração e segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), todos os anos, 68 em cada 100 adolescentes entram em trabalho de parto. Tal fato comprova a ocorrência da gravidez na adolescência, fruto da falta de planejamento familiar como consequência de políticas públicas ineficientes no que tange à educação sexual em âmbito escolar.    Fica claro, portanto, que o patriarcalismo estrutural e a falta de educação sexual nas escolas dificultam o planejamento familiar. Desse modo, o Ministério da Educação, responsável por administrar o ensino no país, deve romper com a cultura machista e criar adolescentes sexualmente saudáveis. Isso pode ser feito por meio da gravação de palestrar com especialistas (incentivados monetariamente pelo dinheiro já pago pelos impostos) sobre a importância do planejamento familiar e através da institucionalização de uma carga horária mínima nas escolas, para educar sexualmente os adolescentes durante o ensino médio. Assim, é possível aumentar o planejamento familiar pelo viés feminista que a sociedade adquirirá e reduzir a gravidez na adolescência. Afinal, todos merecem uma família harmônica à moda dos Jetsons.