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Enviada em: 27/09/2017

No começo do século XX, no Rio de Janeiro, a vacinação obrigatória contra a varíola enfrentou a oposição da parcela mais pobre da população, episódio que ficou conhecido como Revolta da Vacina. Hoje, a varíola é uma mazela há muito tempo superada, no entanto, o Brasil padece de um grande número de gravidezes indesejadas, característica de uma sociedade em desenvolvimento. Com isso, surge a problemática do planejamento familiar, que persiste intrinsecamente ligado à realidade do país, seja pela lenta mudança de mentalidade social, seja pela marginalização de parte da sociedade.    É indubitável que a mentalidade da população esteja entre as causas do problema. De acordo com Durkheim, o fato social é a maneira coletiva de agir e de pensar. Ao seguir essa linha de pensamento, observa-se que a negligência do planejamento familiar se encaixa na teoria do sociólogo, uma vez que se um jovem cresce em uma família com esse comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência em grupo. Assim, a continuação do descuido quanto a uma possível gravidez, transmitido de geração a geração, funciona como base forte dessa negligência, perpetuando o problema no Brasil.    Outrossim, destaca-se a exclusão social como impulsionadora da falta de planejamento familiar. Uma parcela considerável da população vive em comunidades carentes, sem acesso à informação, que poderia conscientiza-la da importância do controle de natalidade, ou aos programas do governo, que fornecem preservativos e anticoncepcionais gratuitamente. Dessa forma, evidencia-se a importância da inclusão social como forma de combate à problemática.    Torna-se claro, portanto, que a falta de planejamento familiar no Brasil precisa ser afrontada. Nesse sentido, cabe ao Ministério da Saúde desenvolver uma campanha educativa, exibida na rede aberta de televisão, a respeito dos métodos contraceptivos e sua importância, de forma a reduzir o número de gravidezes indesejadas. Além disso, é necessário que as as políticas sociais de controle de natalidade já existentes se intensifiquem, em especial nas áreas mais desfavorecidas, a fim de fomentar a inclusão social de toda a população. Destarte, poder-se-á conter a falta de planejamento familiar no país, da mesma forma como a varíola foi vencida no século passado.