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Enviada em: 28/09/2017

Não é difícil imaginar a cena de adolescentes que desenvolvem uma gravidez precoce devido a falta de informações. Essa imagem tornou-se frequente nos dias de hoje, visto que vivemos  em uma sociedade na qual as campanhas de promoção de saúde não atingem todas as esferas sociais. Nesse contexto, torna-se imprescindível o debate sobre os obstáculos do planejamento familiar no Brasil, causados, sobretudo, pela disseminação de ideais religiosos contrários ao uso de métodos contraceptivos e pelas  desigualdades sociais proveniente da concentração de renda.     Um dos tópicos que devem ser abordados é a posição contrária de muitas religiões a respeito do uso de métodos contraceptivos. Embora o ato sexual, atualmente, tenha adquirido outros significados, como a demonstração de afeto, por muitos anos foi visto como uma prática com o único propósito de reprodução. Desse modo, o uso de medidas para evitar a natalidade, ainda é visto por muitas crenças como algo que não é natural. Nessa conjuntura, em inúmeros entrevistas o maior representante da igreja católica, Papa Francisco, defendeu a abstinência sexual em detrimento do uso de anticoncepcional. Assim, fica claro que a oposição clerical contribui para impedir a completa efetividade de campanhas de promoção de saúde realizadas pelo Ministério da Saúde.    Ademais, não há dúvidas que a deficitária distribuição da renda contribui para perenizar o impasse. De acordo com a pesquisa realizada pela Oxfan, ONG britânica, oito pessoas concentram a mesma riqueza que a metade mais pobre da população mundial. Assim, fica evidente que a concentração de renda tem se tornado um problema de amplo espectro. Nesse contexto, é inevitável não relacionar as maiores taxas de natalidade serem encontradas nas populações mais humildes, uma vez que, a falta de informação seja uma condição inerente à desigualdade econômica. Desse modo, o governo brasileiro tem desenvolvido inúmeras políticas públicas, como o fornecimento de anticoncepcionais gratuitos como propósito de democratizar o planejamento familiar. No entanto, essas medidas tratam-se de soluções paliativas, posto que a falta de conhecimento seja um empecilho para sua eficácia.    Portanto, medidas são necessárias para resolver o impasse. Em primeiro lugar, o Ministério da Saúde deve buscar soluções junto às religiões com o propósito de promover um consenso na aceitação do uso de anticoncepcionais. Nestas crenças, também serão promovidos grupos que abordarão questões, como  a necessidade de uma base familiar para o exercício da natalidade. Dando continuidade, o Ministério da Educação em apoio das secretarias de saúde municipais, realizarão atividades, nas comunidades, como palestras com enfermeiros e psicólogos, a fim de democratizar as informações sobre o uso de contraceptivos. Só assim, o planejamento familiar deixará de ser um desafio no Brasil.