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Enviada em: 29/09/2017

Estado: planejamento e educação em tempos líquidos       Na obra “Vidas secas”, de Graciliano Ramos, a infância dos dois filhos de Fabiano e Sinhá Vitória é explorada. Nesta, nota-se o tratamento do autor deles como pessoas quaisquer, sem nomes, sem ações, sem existência. Tal metáfora pode ser expandida para a atualidade brasileira. Em um contexto de pouco planejamento familiar, a população, em geral mais pobre, não possui conhecimento do uso de métodos contraceptivos. Esse problema piorasse com o tempo. O Estado efetua algumas ações, porém ineficazes à raiz do problema, a educação dessa população.        A ação estatal realizada pelo Ministério da Saúde em 2008 conseguiu distribuir métodos contraceptivos em todos os municípios brasileiros. Porém, as mulheres de todos estes locais estão aptas a utilizar tais dispositivos? Segundo a pesquisa do próprio Ministério da Saúde, não; afinal, 46% das gravidezes não são planejadas. Dessa forma, a educação da população deve ser a prioridade do Estado. Como Séneca define: “A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida.”. Ou seja, prover uma forma de controle e de planejamento familiar não significa de fato agir no sentido de resolver a problemática. Sendo necessário, assim, políticas mais eficazes de educar a população sobre as formas de controle de natalidade.       Neste sentido de promover políticas públicas a longo prazo esbarra-se na questão da sociedade contemporânea. No atual momento, como preconiza o filósofo Zygmunt Bauman, a sociedade sem utopias, não consegue se organizar em um projeto de corpo social; ou seja, uma coletividade no intuito de resolver um problema. Tal fato constata-se nos Estados atuais, inclusive o Brasil, no qual as políticas, muitas vezes, são elaboradas no sentido de uma ação rápida e com resultados para a próxima eleição. Dessa forma, ignora-se o princípio coletivo de uma sociedade, não resolvendo problemas importantes, como, o de planejamento familiar.         Tal problema, embora atenuado pela distribuição de contraceptivos nos municípios brasileiros, ainda não foi enfrentado da forma efetiva e correta, através da educação. Com isso, há necessidade urgente de políticas públicas a fim de assegurar à sociedade o conhecimento do que é um planejamento familiar e das maneiras à conquistá-lo. Assim, o Estado deve planejar-se com uma ação efetiva, em todas as esferas possíveis, como mídia, agentes públicos, postos de saúde, cartas, etc. Nesta, divulgar-se-á a disponibilidade de métodos contraceptivos em determinado hospital ou posto públicos e também o porquê de providenciar tais mecanismos anticoncepcionais, o qual pode ser ilustrado através de informes gráficos e de palestras nestes locais.