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Enviada em: 11/08/2018

A ditadura militar, que durou de 1964 até 1985, foi um período de muita censura no país, uma vez que todas as manifestações artísticas de reinvindicação eram violentamente combatidas. Contemporaneamente, a elitização do acesso à cultura tem cerceado a garantia desse direito à toda a população, afrontando a democracia no Brasil. Isso se deve, principalmente, ao elevado custo e à dificuldade de acessibilidade dos mecanismos culturais.     Em uma primeira análise, o acesso à cultura possui estreita relação com a renda dos indivíduos, visto que para as pessoas mais pobres o custo de uma peça de teatro, por exemplo, é muito alto. Essa conjuntura social afeta diretamente a vida daqueles que são privados do contato com a arte, dificultando processos tão importantes como o da leitura e do desenvolvimento da criticidade. Nesse sentido, dados do IBGE inferem que 92% da população brasileira nunca foi ao museu, fato que vai de encontro à Constituição Cidadã de 1988, que assegura a cultura como  direito de todos. Em vista disso, a elitização permanece Interpenetrada na sociedade, promovendo cotidianamente a desigualdade.      Outrossim, segundo o sociólogo francês Émile Durkheim, o homem é o produto da sociedade em que vive, sendo essa a responsável por nortear sua conduta e interesses. Indubitavelmente, a não universalização dos centros de cultura no Brasil fomenta, naqueles que vivem afastados desses recursos, um sentimento de não pertencimento. Isso porque ocorre, no país, uma espécie de "Apartheid cultural" - situação em que as periferias se encontram distantes dos museus, teatros e bibliotecas - que segrega o contato, visto que as pessoas carentes não encontram acessibilidade até esses locais. Dessa maneira, a sociedade brasileira aprofunda-se num cenário de privilégios, o que aponta para a imprescindibilidade de superação dessa problemática.      Urge, portanto, que medidas sejam implementadas para promover a democratização da cultura no país. A fim de combater o grave cenário de segregação e construir uma sociedade pautada em igualdade, o Poder Executivo Federal, em conjunto às Câmaras Municipais e Estaduais, devem instaurar políticas públicas de investimento no acesso à cultura. Essas ações estatais devem ser concretizadas por meio da promoção de incentivos fiscais às empresas que beneficiem seus empregados com o vale-cultura, aumentando seu alcance e atingindo a maior parte dos trabalhadores. Além disso, o Governo deve, mediante a maior destinação de verbas para a educação, ampliar esse benefício crediário também para os estudantes da rede pública de ensino, para que com esse novo recurso os jovens se sintam inseridos na sociedade e possam se tornar indivíduos mais críticos. Com isso, construir-se-á um Brasil em que o acesso à cultura seja uma realidade de fato para todos, e não um privilégio de poucos.