Materiais:
Enviada em: 22/08/2018

Os escritos do Movimento Modernista Brasileiro já denunciavam, no século passado, o distanciamento populacional das artes. Hodiernamente, os desafios para a democratização do acesso à cultura no Brasil ainda permanecem e refletem a ineficácia das políticas de incentivo às artes, bem como a educação cultural deficitária das escolas no país, o que contribui para o baixo índice de leitura nacional e para elitização das expressões artísticas.        Diante disso, é indubitável que a falta de planejamento da cultura pelos governos da federação, especialmente pelos municípios, esteja entre as causas dessa problemática. Segundo o filósofo grego Aristóteles, a política deve ser usada de modo a alcançar a igualdade no corpo social. De maneira análoga, observa-se que no Brasil tal ideal não é praticado, haja vista que, embora conste na Constituição Federal como direito civil, o acesso à cultura não é prioridade do Poder Público, o qual pouco investe na aparelhagem artística rural e urbana - de acordo com o IBGE, em 2014 apenas seis por cento dos municípios tinham planos de cultura legalizados e boa parte (1/3) dos cinemas nacionais encontram-se no estado de São Paulo - o que provoca a concentração dos espaços de arte, como os museus, e limita o acesso social à esses.         Outrossim, a falta de informação da sociedade brasileira quanto as diversas formas de arte agrava tal quadro. Para Anísio Teixeira, intelectual brasileiro, a escola é responsável, também, pela construção de atitudes. Seguindo tal premissa, as instituições de ensino ao não desenvolverem espaços que incentivem o fazer artístico, a exemplo das aulas de dança, de pintura e de leitura, possibilitam o distanciamento social das várias formas de cultura - no Brasil, boa parte (44%) da população não lê livros e a maioria (67%) diz não ter sido, em sua vida, incentivados ao hábito da leitura, segundo o Ibope - o que contribui para o baixo índice de leitura nacional e aumenta a desigualdade cultural no país.        Dessa forma, os problemas da democratização da cultura no Brasil relacionam-se a questões políticas e sociais. Destarte, o Ministério da Cultura, junto à sociedade civil organizada, devem exigir os estados e municípios a elaboração dos planos culturais por meio de inquéritos e audiências públicas nas câmaras municipais a fim de garantir a construção e e desenvolvimento da aparelhagem cultural, como cinemas, bibliotecas e museus. Por fim, o Ministério da Educação deve aumentar a carga horária das aulas e oficinas de educação das artes nas escolas a fim de incentivar a leitura desde a infância e reduzir as diferenças quanto ao conhecimento cultural na sociedade, alcançando o ideal aristotélico de igualdade.