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Enviada em: 30/04/2017

O filósofo Walter Benjamin considerava os meios técnicos de reprodução em massa, uma grande ferramenta de democratização da arte e da cultura. Entretanto, numa sociedade como a brasileira marcada por múltiplas desigualdades e hierarquias, até recursos como esses, não conferem o devido acesso da maior parte da população às produções artísticas e culturais. Tal contexto, deve-se a fatores como: a polarização de centros culturais nas regiões sul e sudeste; e a associação, em grande parte, do conceito de cultura à sofisticação e à educação formal, dificultando, assim, o conhecimento de manifestações artísticas populares e das regiões norte e nordeste do país.     Em primeiro plano, deve-se considerar que o atual cenário de desigualdades no acesso a cultura do Brasil é fruto do processo histórico elitista e centralizador nas regiões sul e sudeste. Essa predileção é evidente, na monopolização em número, de meios de comunicação e equipamentos culturais - museus, bibliotecas, teatros, cinemas, livrarias - nessas regiões. É notória a relevância dessas ações para os habitantes, contudo, é necessário que as regiões do interior como o Baixo Amazonas e São Mateus do Maranhão também tenham acesso e recursos para consumir e produzir culturas. Essa perspectiva, evidencia a má gestão do Governo em difundir os suportes culturais a todas as localidades do país.    Por trás dessa lógica de centralização, reside o conceito de cultura dominante que hierarquiza e pretere manifestações pouco difundidas. Nos eixos Rio-São Paulo é natural produções da cultura estrangeira e de artistas nacionais consolidados,para os quais,são canalizados os principais investimentos do Estado. Prova disso, são alguns projetos contemplados pela Lei Rouanet – Mecanismo de fomento a cultura do Brasil- o qual destinou recursos aos espetáculos de artistas já patrocinados como Gal Costa e Claudia Leite, ao invés de estimular, prioritariamente, produções da cultura popular e manifestações locais, a fim de fortalecer as tradições e identidades desvalorizadas pelo etnocentrismo e preconceito ao estereotipado “Brasil do Norte”.     Entende-se, portanto,que tal centralização dos recursos,além do preconceito às manifestações do interior do Brasil são grandes entraves na democratização da cultura.Para isso,é necessário que o Ministério da Cultura promova as manifestações dos grupos culturalmente desprivilegiados, através das mídias-televisão e internet, fomentando festivais para valorizar as culturas regionais.Já as empresas devem estimular,por meio da renúncia fiscal, as produções culturais locais, além de ampliar aos seus empregados o Vale Cultura. Paralelamente, as Secretarias da Educação devem investir em atividades que expressem e valorizem as múltiplas culturas do Brasil. Assim, por meio do acesso e respeito às distintas manifestações será possível alcançar a emancipação da arte e cultura proposta por Benjamin.