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Enviada em: 01/05/2017

Aquarela monocromática       A menina que roubava livros, filme de ficção, centra-se na personagem Liesel, a qual roubando livros, aprende a ler e partilhar as histórias com seus amigos - amenizando o sofrimento humano - no contexto da Alemanha Nazista. Apesar do lapso temporal e do espaço, a obra interliga-se à atual realidade, mostrando que o acesso à cultura, seja por meio de livros ou pela arte, é fator fundamental na construção individual. Nesse contexto, cabe destacar os desafios, bem como a importância da democratização cultural no Brasil.        Analisando o cenário brasileiro, percebe-se, ainda hoje, a dificuldade de acesso à cultura. Isso porque a homogeneidade de acesso no espaço geográfico é desigual. Dessa forma, os grandes centros urbanos detém fontes culturais - livrarias, museus e cinemas -, enquanto áreas periféricas ficam a margem de investimentos nessa área. Assim, somente uma parcela da população, com melhor padrão financeiro e intelectual, possui conhecimento e contato com o patrimônio material e imaterial brasileiro. Prova disso são os dados do IBGE, os quais afirmam que cerca de 90% dos municípios brasileiros não possuem teatros ou museus e 73% dos livros estão nas mãos de apenas 16% da população.           Aliado a isso, é notório, que o contato com as raízes históricas é fundamental na construção cidadã. Tal fato converge com a ideia de Tabula Rasa, de John Locke, de que os indivíduos nascem como uma folha em branco, sendo moldada pelo meio e pelos conhecimentos que adquirem. Desse modo, a implementação de novos métodos de ensino, relacionados à diversidade étnica e histórica da sociedade brasileira - com o uso da dança, música e arte -,  desde as turmas iniciais, seriam agentes determinantes no desenvolvimento da noção da importância cultural. Logo, a concretização de tais práticas seria crucial à formação de futuros indivíduos cientes do direito à democratização, o que corrobora com o pensamento de Paul Sartre: " A cultura é o produto do homem, ela se projeta, se reconhece nela; só esse espelho crítico lhe oferece a própria imagem."            Nota-se, portanto, que a ausência da democratização cultural impede uma construção social melhor. Logo, é imprescindível que os municípios brasileiros, em parceria com o Ministério da Cultura, promovam projetos artísticos, junto a sua transmissão online, a locais distantes de centros urbanos culturais, proporcionando o efetivo acesso à população. Somado a isso, é essencial a implementação de projetos escolares, com peças de teatros e musicais, pela escola, com o objetivo de garantir o contato já nas primeiras idades; promovendo, dessa forma, a democratização cultura. Somente assim, poderá ser alcançado o colorido cantado por Ary Barroso, na histórica Aquarela do Brasil.