Enviada em: 08/05/2017

Não é exagero afirmar que ainda é preciso transpor grandes obstáculos para que a maioria da população brasileira tenha acesso à cultura, tendo em vista a concentração de atividades culturais nas grandes cidades do país aliada à falta de incentivo às produções artísticas regionais e locais.    No que se refere à oferta de atividades culturais, é possível afirmar que a maior parte desses espetáculos está limitada aos grandes centros urbanos. Para citar alguns exemplos, de acordo com dados do IBGE, pouco mais de 27% dos municípios brasileiros possuem museu, menos de 25% têm teatro ou salas de espetáculos e apenas 10,4% oferecem salas de cinema à sua população. Esses dados corroboram a percepção que somente uma pequena porção dos brasileiros possui pleno acesso à cultura produzida no país. Outro fator negativo que a escassez de atividades traz é o encarecimento da oferta, o que deixa ainda mais distante aqueles cujos rendimentos não são suficientes nem mesmo para outras necessidades básicas como saúde, moradia e alimentação.     Vale também ressaltar que a falta de incentivo às manifestações regionais e locais relacionadas à cultura intensifica os desafios para sua democratização. Realmente, se grande parte da oferta cultural se encontra alijada da população, ao não estimular as produções culturais locais, perde-se ótimas oportunidades para colocar ao alcance do povo uma cultura que lhe é peculiar. Essa negligência pode até mesmo caracterizar preconceito àquilo que é popular.     A transposição desses desafios, portanto, requer uma mudança na forma de entender o que é a cultura. Se por um lado, cabe aos diversos segmentos do governo a adoção de medidas que levem as manifestações culturais a se difundiram pelos pequenos e médios municípios; por outro, cabe à toda a sociedade uma valorização das atividades culturais próprias de sua região e de seu povo. Essa atitude fortalece a anulação de qualquer preconceito que possa existir, bem como mantém viva suas tradições, que são sua verdadeira identidade.