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Enviada em: 22/05/2017

A cultura é algo inerente a qualquer sociedade e que permeia todas as relações existentes. Segundo Aristóteles, filósofo grego, “todos os homens têm, por natureza, desejo de conhecer”. Apesar do desejo iminente, a dificuldade de acesso e a segregação através da cultura restringem-na a um determinado estrato social.        Destarte, a maioria do povo brasileiro não teve contato com sequer uma atração cultural no período de um ano. Segundo pesquisa da Fundação Perseu Abramo, em 2014, mais da metade da população não assistiu nenhuma apresentação teatral e, em 6 meses, 58% não leu nenhum livro. Um dos empecilhos é o preço, dado que estes estão, muitas vezes, além do possível para a maior parte da população, limitando o seu acesso a determinadas atividades culturais. Outro empecilho é a localização, já que, frequentemente, os locais onde arte é ofertada encontram-se concentrados em bairros mais centrais e valorizados, dificultando o acesso daqueles que vivem na periferia.        Outrossim, a cultura é usada como ferramenta de segregação social. Conforme Pierre Bourdieu, sociólogo francês, a cultura é usada como mecanismo de distinção social, segregando indivíduos em classes e as distanciando entre si. Isso confere uma sensação de não-pertencimento a classes subjugadas ao tentarem consumir conteúdo cultural diferente daquele que foi limitado a sua classe. Ou seja, em lugar de um horizonte cultural mais amplo, os brasileiros deparam-se com limitações para suas escolhas e uma baixa variedade de gêneros e obras a quem tem acesso. Toda história da arte é substituída por um filme repetido na Sessão da Tarde.         Portanto, é necessário que medidas existentes para a democratização da arte, como o Vale-Cultura, sejam menos burocráticas, para facilitar a maior adesão das empresas. É preciso, também, que o Legislativo modifique a Lei Rouanet, obrigando as atrações beneficiadas a reduzir o preço das entradas e promover uma cota de acesso para população menos abastada. Faz-se indispensável a melhor distribuição dos locais de oferta de cultura através do Plano Diretor das cidades, democratizando o acesso físico a esta. Por fim, é preciso que o MEC determine uma verba mínima, para uso das escolas para visitações a atrações culturais.