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Enviada em: 28/05/2017

Tábulas rasas para o respeito        John Locke, grande filósofo inglês, acreditava que a mente humana é como uma tábula rasa, ou seja, uma folha em branco, pronta para que comecemos a escrever ideias, a partir de nossas experiências. Podemos inferir que tais noções são adquiridas, principalmente, através da cultura, instrumento de compreensão, mediador das relações humanas. Contemporaneamente, todavia, o que menos constatamos é o acesso e o estímulo ao entendimento desse importante fator, problema que desencadeia muitos outros.       Em primeiro lugar, é fundamental compreender de fato o status quo cultural, analisando sua  importância em sociedade. Cultura é tudo aquilo que produzimos e manifestamos, crucial à manutenção da coesão social. Assim, é instaurado um sentido de pertencimento, que une os indivíduos de hábitos e crenças semelhantes. A problemática, porém, reside na desvalorização da cultura, deixada, pragmaticamente, em segundo plano pela hierarquização de atividades e do ensino. Além disso, o ódio cultural vem crescendo em ritmo assustador, somando-se ao preocupante impasse atual.       O preconceito que concerne à cultura é constante no Brasil. Um exemplo claro dessa questão é a intolerância religiosa sofrida por uma menina de 11 anos, agredida com pedradas ao sair de um culto de candomblé no Rio de Janeiro. Reflexo de uma postura que não pode ser mantida, a violência é acompanhada de outras manifestações lamentáveis, como a xenofobia e a tentativa de imposição de crenças e valores.      Fica mais que evidente, portanto, a necessidade urgente de estímulo à valorização e ampliação do acesso à cultura. Dessa forma, o Ministério da Cultura precisa incentivar atividades como teatro, leitura e cinema, levando-as até populações de baixa renda, através do Programa Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC). As escolas precisam reconhecer a importância do ensino de disciplinas artísticas e diversidades brasileiras. ONGs podem realizar projetos voluntários de clubes e grupos culturais, estimulando a adesão e integração das comunidades. Com trabalho e cooperação, podemos alterar o quadro atual, tornando-nos tábulas rasas para o respeito e responsabilidade social.