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Enviada em: 21/10/2017

Elitização cultural      Ao longo da formação do Estado brasileiro, do século XVI ao XXI, a pluralidade cultural se consolidou e permanece forte. Em um país como o Brasil, cuja estrutura é marcada por uma diversa colonização, a miscigenação se faz presente nos fenótipos, gostos e costumes do povo. Portanto, a desvalorização dessa heterogeneidade e a disparidade na acessibilidade ao conjunto de manifestações artísticas e comportamentais se mostram consideravelmente nocivas à vida em comunidade.      Em primeiro plano, é indubitável que a globalização é um dos impulsionadores de uma padronização. Segunda Carl Jung, os indivíduos nascem originais e morrem cópias. Ou seja, pode-se perceber que, embora a facilidade de comunicação resulte em uma maior interação entre diferentes costumes, esse sistema não se dissemina de forma igualitária, de modo que alguns centros economicamente predominantes transmitem, em maior número, os elementos do seu acervo cultural. Assim, com base em uma referência dominante, valores locais e tradicionais sucumbem a um processo de homogeneização.        Outrossim, a concentração dos meios de produção cultural se destaca entre as causas do problema. O mecenato, vigente durante o Renascimento, era definido como incentivo monetário aos artistas, favorecendo a participação de núcleos com maior poder aquisitivo na elaboração de artes e conhecimento. De maneira análoga, nota-se que as desigualdades socioeconômicas dificultam tanto um maior acesso de classes de baixa renda às fontes artísticas, como música e literatura, quanto a difusão de produções heterogêneas, na medida em que há fatores como preços elevados em grandes centros e a marginalização de práticas culturais periféricas.          Torna-se perceptível, por conseguinte, que os desafios para democratizar o acesso à cultura são fruto do processo desigual da globalização e da presença intrínseca das disparidades em meio a sociedade. Logo, para modificar esse cenário, é fundamental que as escolas promovam atividades extracurriculares, como oficinas de teatro e de dança, trabalhos sobre os diferentes hábitos e tradições nacionais e palestras de especialistas na história de cada região, visando a um maior respeito e conscientização sobre a pluralidade cultural brasileira. Ademais, cabe ao Governo Federal o investimento em propagandas, em conjunto com a mídia, que ressaltem a beleza nas diversidades presentes no Brasil, além de criar, em todos os estados, feiras anuais com exposições e concertos gratuitos de artistas de diversas áreas do país, a fim de possibilitar a entrada de todas as classes sociais. Dessa forma, quem sabe, os efeitos dessa elitização cultural possam ser mitigados.