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Enviada em: 02/08/2017

Para o filósofo Platão, a música era uma arte diferenciada porque a forma como ela atinge o ser humano é diferente das outras. Nesse sentido, o documentário "Vivo por dentro" põe em prática esse pensamento ao comprovar experimentalmente a melhora de pacientes com Alzheimer ao serem submetidos a músicas que os marcaram em algum momento da vida. No entanto, no Brasil, observa-se  uma dificuldade em democratizar as artes em geral, apesar da sua importância, já que a questão econômica e o predomínio da cultura de massa são empecilhos.      Em primeiro lugar, a cultura predominante varia conforme a classe social. No Período Colonial, a família real portuguesa, ao vir para o Brasil, trouxe consigo milhares de livros para compor sua biblioteca pessoal, restrita apenas a eles. No século XXI, é notória a persistência dessa segregação cultural, já que eventos como óperas e orquestras não são acessíveis economicamente à maioria da população. Apesar do surgimento de programas de "streaming" como Netflix e Spotify, que permitem o acesso a um grande acervo de filmes, séries e músicas por um preço reduzido, a questão financeira ainda é uma barreira para muitos brasileiros que não têm acesso a essa tecnologia.      Ademais, a difusão de uma cultura de massa impede essa democratização. Para os filósofos Adorno e Horkheimer, a Indústria Cultural, caracterizada por disseminar uma diversão alienante pelos meios de comunicação, possui como principais consequências a homogeneização e a massificação dos espectadores. Em outras palavras, a população atingida por ela perde a sua capacidade crítica e é facilmente manipulada, sem ter condições de cobrar melhorias, como o acesso à cultura, por exemplo. Dessa maneira, forma-se um ciclo vicioso de alienação que, para ser quebrado, necessita, principalmente, de investimentos educacionais.      Convém, portanto, que os Ministérios da Educação e da Cultura atuem, respectivamente, na valorização das artes nas escolas, ao incentivar as aulas práticas e extracurriculares em detrimento das teóricas com aquisição de notas, e na organização de eventos gratuitos à população que abordem os diversos tipos de cultura, da erudita à popular, sem, contudo, restringi-los apenas a grupos específicos. Somado a isso, as ONGs podem realizar palestras e cursos artísticos, com objetivo de incentivar a consciência social acerca da importância das artes e favorecer o contato da população com esse tipo de atividade. Por fim, é importante que a família tenha, em seus momentos de lazer, programas culturais diversos, com o intuito de auxiliar o processo de formação de jovens e crianças e também fortalecer os laços entre seus membros.