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Enviada em: 18/09/2017

Surrealismo de uma arte seletiva        Erudita, acadêmica ou de massa, a cultura nacional sempre encontrou barreiras para separar cada classe socioeconômica. Enquanto, no Brasil atual, possuir cultura está atrelado a ter uma boa, até alta, saúde financeira, o País afunda cada vez mais em um abismo de desigualdade que se alastra por todos os ramos da sociedade e reflete na falta de democracia no acesso à cultura.      O consumo cultural brasileiro possui um alto déficit quando comparado a países desenvolvidos. Enquanto a média de leitura nacional encontra-se em dois livros por ano a quantidade média de idas ao teatro gira em torno de uma vez. Tal índice força com que editoras de livros e grupos teatrais tenham de aumentar o preço de acesso as obras devido a baixa demanda. Assim, cria-se um círculo vicioso em que os preços cada vez mais aumentam e a demanda cada vez mais diminui, inflamando continuamente a desigualdade no acesso à cultura.       Dessa forma, com um acesso cada vez mais caro, a população brasileira, principalmente das classes “C”, “D” e “E”, optam por opções de entretenimento mais baratas, porém com baixo valor cultural, como é o caso de “reality shows”, criados pela mídia já com intuito de serem um consumo imediato e chamativo. Logo, percebe-se, ao longo prazo, a perca do interesse popular pelo histórico cultural nacional, gerando, com isso, a diluição da valorização artística-regional da Nação.         Portanto, é de fundamental importância uma mudança de postura por parte da população em geral no que tange ao consumo de cultura, cabendo-a buscar consumir mais variadas formas de arte, visando fortalecer a indústria cultural nacional. O Governo, através do Ministério da Cultura, deve ampliar o vale-cultura assim como patrocinar mais projetos artísticos pela “Lei de Incentivo à Cultura”, reduzindo, assim, o valor final cobrado ao público. Segundo Kant, o papel da arte no mundo moderno é levar o homem a refletir sobre uma perspectiva exterior ao “eu” e, dessa maneira, tornar-se um indivíduo melhor. Sem uma cooperação entre o governo e os cidadãos uma “ditadura cultural” está em curso de dar um golpe.