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Enviada em: 06/10/2017

O filme brasileiro 'Tapete Vermelho' retrata a luta de um caipira para levar o filho ao cinema e mostrá-lo um filme de seu ídolo Mazzaropi - ator e cineasta nacional. O que não foi fácil, pois não havia cinema em sua região. A realidade de Quinzinho se estende para a maioria dos brasileiros pois vive-se no país uma desigualdade no acesso às produções culturais. Face a isto, medidas são necessárias para que a cultura seja acessível à todos.    É necessário analisar, primeiramente, a dificuldade no alcance às obras. Sabe-se que, com a chegada da corte portuguesa, foram criados os primeiros museus e bibliotecas. Desde então, nota-se uma concentração de espaços dedicados à exposições e apresentações artísticas nas regiões mais favorecidas economicamente. Prova disso, o estado do Maranhão possui 35 museus, número baixo se comparado aos 415 museus de São Paulo. Ademais, o fator econômico também é uma barreira, visto que muitas vezes os livros e ingressos para atrações apresentam um alto custo. Fatores que, quando somados, resultam numa população na qual mais da metade não frequentam cinemas, museus ou espaços culturais, segundo o IPEA.    Em segundo lugar, é importante considerar a falta de estímulo ao contato com produções culturais. Em geral, o cidadão tupiniquim não demonstra interesse em teatro, dança ou artes visuais, fator que é consequência da ausência dessas áreas na educação de base, o que faz o indivíduo crescer desmotivado para prestigiar tais manifestações artísticas. Além disso, mais da metade da população afirma que não lê porque não houve incentivo em sua trajetória, aspecto que também aponta deficiência no estímulo que o cidadão deveria receber para o interesse em arte, leitura, cinema, teatro, dança e outras tipologias artísticas pois, como afirmou o filósofo prussiano Immanuel Kant, o ser humano é o que a educação faz dele.    Torna-se evidente, portanto, a necessidade de tomar medidas para tornar a cultura mais acessível. O Ministério da Cultura, em parceria com as prefeituras, deve apoiar iniciativas como o SESC cinema, que expõe, gratuitamente, filmes no interior do Brasil, como também elaborar outros projetos dessa natureza, a fim de levar as produções para além dos grandes centros urbanos. O MinC. também pode, em parceria com a sociedade civil, promover campanhas de trocas e doações de livros usados, facilitando o acesso do cidadão às obras que ele não poderia comprar. O Senado Federal, através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, deve incluir obrigatoriedade às escolas em promover visitas a museus e espaços culturais, a fim de que os alunos sejam estimulados a manter este contato. Para que dessa forma o Brasil alcance a igualdade no acesso à cultura.