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Enviada em: 19/10/2017

A Lei Rouanet, sancionada durante o governo Collor, é responsável pelo financiamento da expressão artística, em busca do amplo acesso à cultura. Embora seja um passo importante para a democratização da cultura, essa ainda não foi alcançada plenamente, dada a falta de acessibilidade, por exemplo, ao teatros e museus. Dessa forma, faz-se necessário que ações sejam tomadas, com o fito de que as barreiras econômicas e sociais seja derrubadas e o Brasil alcance a socialização da arte.         Em primeira análise, o desafio para democratizar a cultura está diretamente ligado às barreiras econômicas que envolvem o conhecimento, a arte e até mesmo as tradições. Isso porque, no Brasil, ingressos para peças teatrais, museus e shows ainda são caros e inacessíveis para a maioria da população, além da falta de bibliotecas públicas, fenômenos que elitizam as manifestações culturais. No entanto, a gravidade de tal segregação está no pensamento de John Rawls, o qual afirma, em sua Teoria da Justiça, que indivíduos com oportunidades díspares de desenvolvimento tendem à marginalização social. Assim, considerando que a elitização da cultura abre precedentes para a desigualdade social, ações devem ser tomadas em convergência com a democratização da cultura.          Outrossim, de acordo com o antropólogo Bourdieu, as ações sociais advêm do habitus, imposição cultural tão intrínseca à sociedade que passa a fazer parte de seus desejos pessoais. Nesse contexto, é inegável que há um habitus envolvendo a distribuição cultural brasileira, que segrega seus formatos de acordo com as camadas sociais, isso é, determina atividades culturais de acordo com nível socioeconômico. É perceptível que camadas sociais baixas, em razão de uma moldagem ideológica do próprio habitus, é propensa a limitar-se ao funk e ao samba, sentindo-se excluída de produções consideradas de elite, como orquestras e sinfonias. Então, é fundamental que ações sejam tomadas a fim de quebrar essa construção social segregacionista, em prol da popularização cultural.               Logo, os desafios da democratização social podem ser sintetizados ao limitado acesso econômico e à construção ideológica excludente. Para que esse problema seja atenuado, o Ministério da Cultura deve promover o amplo acesso aos ambientes públicos de cultura, por meio do financiamento  de bibliotecas e teatros, de forma que as dificuldades econômicas não abram precedentes para a decadência desses. Ademais, é incumbência das ONGs levar atividades culturais para indivíduos em vulnerabilidade social, por meio de projetos de música clássica nas comunidades, com o intuito de impedir que barreiras socioeconômicas impeçam o alcance a essas. Por último, é fundamental que os canais de TV popularizem meios culturais que antes era considerados elitizados, por meio de programas informativos, para que atenue a desigualdade de acesso a eles no país.