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Enviada em: 16/10/2017

Ir ao cinema, visitar museus, assistir uma peça teatral, passear em bibliotecas. Essas são apenas algumas atividades que promovem o acesso aos bens culturais de um país. No entanto, sabe-se que apenas uma pequena parte da sociedade brasileira pode desfrutar amplamente dessas atividades. Sob essa ótica, infelizmente, torna-se necessária a discussão sobre um problema que se perpetua na sociedade: A falta de democratização do acesso à cultura. Essa constatação exige uma reflexão sobre os principais aspectos que causam esse verdadeiro descaso social.       Em primeira instância, deve-se ressaltar como os fatores econômicos influenciam diretamente nessa segregação sociocultural existente no país. O sociólogo Polonês Zygmunt Bauman explica, em sua “modernidade líquida”, o crescente individualismo presente na sociedade pós-moderna. Sob essa perspectiva, pode-se compreender que as empresas, visando apenas os lucros, colocam altos preços nos ingressos, não se importando com os inúmeros brasileiros que não terão acesso a esse bem cultural, impossibilitando a sociedade de baixa renda de possuir um amplo acesso à cultura. Nesse contexto, deve-se observar outro grave problema que surge no país: o aumento da reprodução de cópias ilegais, popularmente conhecido como pirataria.       “Na essência somos iguais, nas diferenças nos respeitamos”. A assertiva de Santo Agostinho parecia não prever uma triste realidade que se perpetua no país: a segregação socioespacial. Apenas por viverem em áreas periféricas, inúmeros cidadãos são impedidos de terem um acesso digno aos bens culturais da nação, uma vez que estes ficam concentrados nas áreas mais elitizadas das cidades, apenas para um público restrito. Nessa perspectiva, torna-se necessário ressaltar a ineficácia do Estado, uma vez que caberia a este cumprir o Art. 215 da constituição, que garante a todos o pleno acesso aos bens culturais do país.       Diante do exposto, fica clara a necessidade de uma intervenção na questão da democratização da cultura no país. Por isso, cabe ao Ministério da Cultura, através de parcerias público-privadas, providenciar a construção de locais de entretenimento, como cinemas e teatros, a preços populares, para que qualquer cidadão, independente da condição financeira, possua um acesso digno aos bens culturais no país, cumprindo o que está previsto no Art. 215. Além disso, compete aos Governos Municipais, através de obras públicas, criar bibliotecas comunitárias nas áreas periféricas das cidades, visando despertar o interesse da população pelo hábito da leitura, contribuindo diretamente para a diminuição dessa segregação sociocultural que persiste durante anos na sociedade brasileira.