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Enviada em: 28/10/2017

A estadia da família real portuguesa, iniciada em 1808, inaugurou os investimentos em cultura no Brasil; tal esforço da Coroa advém da notoriedade desse âmbito na mentalidade europeia. Em 1985, durante o governo de José Sarney, nasce o Ministério da Cultura no Brasil, com a finalidade de promover, gerenciar, financiar e, portanto, valorizar o patrimônio material e imaterial do país. Desde então, torna-se mais fácil aproximar a população de seus costumes. No entanto, mais de 30 anos depois, cabe pensar até que ponto existe esse acesso.      É importante discutir, antes de tudo, sobre as dificuldades financeiras e espaciais com relação ao acesso à produção cultural. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 71% dos entrevistados acreditam que os preços altos são empecilhos na hora de usufruir dos bens culturais. Ademais, 63% percebem os locais de exposição como distante do lugar onde moram. Esses dados evidenciam que há desigualdade de condições para ter contato com a cultura no país, já que a disposição central dos espaços culturais nas maiores cidades elitiza a arte e dificulta o acesso de pessoas que moram nas periferias e em cidades pequenas, ocasionando uma exclusão cultural.        Além das dificuldades supracitadas, é necessário analisar o modo como a arte é gerada no país. A produção cultural no Brasil é baseada sob um olhar mercadológico, que visa classes sociais mais favorecidas e cria uma noção de vida ideal que se distancia da realidade da maioria da população. Essa ideia embasada nas teorias de Adorno e Horkheimer, tenta maximizar a venda e o lucro do produto e, assim, provoca a falta de identificação do indivíduo com as obras culturais, além de ocasionar a falta de interesse em procurar, entender e dialogar sobre a arte pura e livre de interesses.        Torna-se evidente, portanto, que o acesso à produção cultural no Brasil precisa ser democratizada e a arte precisa dialogar com o indivíduo. Para isso, o Ministério da Cultura (Minc), por intermédio da Lei Rouanet, crie bolsas de ajuda ao capital familiar de baixa renda, como o Vale-Cultura, anulando a marginalização. Também cabe ao Minc conceder suporte a projetos brasileiros que visem à difusão da cultura local, utilizando-se de, por exemplo, baixas taxas de financiamento. Outrossim, o Ministério da Educação deve não só incluir, na ementa escolar, uma matéria voltada ao estudo antropológico e social, mas também proporcionar aos estudantes a prática de manifestações culturais.