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Enviada em: 27/09/2017

Segundo o filósofo Aristóteles, a virtude habita no equilíbrio entre dois vícios: o excesso e a falta. Sob essa ótica, percebe-se o caráter pejorativo da lógica capitalista contemporânea, haja vista os estímulos ao consumismo desenfreado em detrimento do bem estar do cidadão e do planeta Terra. Diante disso, no contexto brasileiro, conteúdos publicitários e estratégias empresariais antiéticas contribuem, sobremaneira, para a continuidade desse processo desarmônico.        A princípio, é válido ressaltar que a mídia possui um papel central na formação dos hábitos de consumo dos brasileiros. Prova disso, são as propagandas as quais relacionam produtos com valores humanos, como felicidade e sucesso. Tal mecanismo, denominado pelo sociólogo Karl Marx como “fetiche sobre a mercadoria”, induz o cidadão a desejar um modelo de vida pautado em um ciclo insustentável de consumo e descarte. Dessa forma, a exposição diária a tais arquétipos e a pressão dos padrões sociais podem levar o indivíduo a endividar-se ou a sofrer com frustração pessoal.         Outrossim, a dinâmica mercadológica provoca extensos danos para o meio ambiente ao romper com o ideal de harmonia aristotélica. Isso se evidencia por práticas nocivas adotadas por muitas empresas para obter lucro, como a obsolescência programada, a qual visa estabelecer um prazo para o funcionamento de um objeto. Em corolário a isso, há uma grande demanda por matérias-primas e o acúmulo de resíduos sólidos. Sob esse viés, é indubitável o descompasso entre o extrativismo realizado pelo homem e a capacidade de regeneração da fauna e da flora, o que pode acarretar o esgotamento dos recursos naturais.         Cabe, portanto, à escola incentivar o consumo consciente por intermédio de aulas de Sociologia e Geografia as quais discutam os mecanismos de manipulação dos meios de comunicação com debates acerca do poder de influência das novelas, por exemplo, além de discutirem a questão ambiental e os métodos de preservação, como a coleta seletiva. Paralelamente, aulas de Matemática disponibilizariam o ensino financeiro básico. A partir de tais medidas, seria possível motivar o pensamento crítico e a gestão adequada do capital e da natureza. Ademais, ONGs ambientais, mediantes campanhas nas redes sociais, poderiam mobilizar as comunidades em protestos contra a obsolescência programada com o fito de minimizar a prática. Talvez, assim, sob perspectiva marxiana, perfaça-se uma nação menos vulnerável a explorações econômicas.