Materiais:
Enviada em: 19/09/2017

O paradoxo do consumo no Brasil       No filme “The Joneses”, dirigido por Derrick Borte, é retratado uma família americana comum vivendo em um subúrbio. Porém, com uma exceção, eles não possuem nenhum elo familiar, são apenas atores e atrizes contracenando para gerar o desejo de consumo de seus vizinhos. A realidade do filme não é distante da atual sociedade brasileira. No Brasil, assim como em todo o mundo capitalista, o consumismo é cada vez mais extenso e disseminado. Porém, os brasileiros de baixa renda são também os mais afetados por isso, devido à alta inadimplência. Constituindo um paradoxo, de um lado, projeta-se uma sociedade com um consumo elevado de produtos; do outro, uma falta de distribuição de renda efetiva, aprofundando a desigualdade social.          O primeiro elo desse paradoxo é amplamente explorado no mundo contemporâneo. Como afirma o sociólogo Lipovetsky, o homem atual pode ser classificado como nova espécie, o Homo consumericus. Este neologismo explora o quão enraizado o consumo está na vida contemporânea. Hoje em dia, qualquer tipo de ação é projetado como fim um produto ou um serviço. Por exemplo as publicações publicitárias por famosos nas redes sociais, a fim de provocar um desejo de consumo por parte dos fãs.  O retrato cinematográfico explorado por Borte, portanto, não está distante da realidade atual, apenas há diferença nos meios, enquanto no primeiro, explora-se a vida no subúrbio; no segundo, há uso, principalmente, da internet e das redes sociais.        Esse consumo desenfreado gera, porém, diversas consequências à sociedade brasileira, em especial, as de baixa renda. Ao serem expostos à constante propaganda consumista, aumentam suas despesas com supérfluos, como um novo celular ou uma nova televisão. Tal fato constata-se no alto grau de inadimplência dos brasileiros, em especial, desta população de baixa renda. Ou seja, novamente o paradoxo é reiterado. Estimula-se um consumo sem precedentes, com o constante uso da mídia e das redes sociais, porém, as condições sociais não acompanham esse estímulo, respondendo com dados concretos, como um aumento dos índices de endividamento dos brasileiros.       O consumo no Brasil, portanto, segue os moldes capitalistas contemporâneos, nos quais a aquisição de produtos é incitada, em geral, através da mídia, mas o meio principal do consumo - o dinheiro - é ignorado, agravando ainda mais as disparidades econômicas entre os extremos sociais brasileiros. Uma proposta a longo prazo para diminuir esta problemática seria a implantação de aulas de consumo consciente por parte do governo nas escolas brasileiras. Com essa iniciativa, os jovens brasileiros aprenderiam uma melhor forma de administrar o seu dinheiro.