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Enviada em: 27/10/2017

Desde a Antiguidade Clássica, os filósofos socráticos buscavam definir o que é e como alcançar a chamada eudaimonia, que significa felicidade, na vida humana. Atualmente, após revoluções nos meios de transporte, comunicação e produção inimagináveis àquela época, os indivíduos, aparentemente, encontraram a "felicidade" no consumismo. Nesse sentido, convém analisar o papel importante que o sistema capitalista exerce para ocupar a lacuna desse sentimento humano.       A princípio, cabe salientar que as práticas de consumo são inerentes à sociedade moderna como forma de satisfação emocional. A esse respeito, o sociólogo Zygmunt Bauman destaca em sua obra, “Vida para consumo”, a estreita relação entre a sociedade liquefeita e a busca insaciável por bens. Dessa forma, é notório que os paradigmas e incertezas humanas, frutos de uma modernidade instável e altamente mutável, são amenizados durante os atos de compra e vistos como um meio de afirmação da própria identidade em uma realidade de dúvidas, visto que os produtos passaram a transmitir virtudes desejáveis aos seres.       Sob essa ótica, percebe-se que as propagandas, característica intrínseca do capitalismo moderno, juntamente com táticas de mercado, são grandes propulsores dos hábitos de compras excessivos. Nesse viés, a obsolescência programada, que é a inutilização ou perda de valor de bens que são considerados duráveis, atua para movimentar a economia de produção. Em consonância, as propagandas atuam para movimentar a economia de consumo. Para isso, há a atribuição de valores ilusórios a produtos inanimados, o que Karl Marx chama de “fetichismo”. Dessa forma, percebe-se grande atuação desse conjunto de estratégias na atualidade pela constante inovação de um mesmo produto e pela associação deste a um status social almejável, tal qual ocorre com celulares “iPhone”, da marca norte-americana Apple.       Infere-se, portanto, que a tomada de consciência coletiva é necessária para que haja uma postura mais crítica frente a esse impasse. Para isso, o Terceiro Setor, representado por ONGs, deve atuar promovendo  discussões e debates nas redes sociais, com o fito de desenvolver na sociedade um olhar mais crítico diante do que é necessidade e do que é apenas desejo de compra, estimulando o olhar crítico diante das armas midiáticas. Ademais, as escolas, em parceria com as famílias, devem corroborar a formação de futuros cidadãos que saibam diferenciar o útil do fútil e consumir com consciência não sobrepondo bens materiais aos valores e virtudes humanas, por meio da criação de "Dias dos Jovens Consumidores Conscientes", engajando esses setores em gincanas lúdicas, palestras e aulas temáticas. Assim, o país caminhará lentamente ruma à mitigação da problemática.