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Enviada em: 08/04/2018

Segundo o levantamento feito Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em 2017, apenas 28% dos brasileiros são consumidores conscientes. Sob essa perspectiva, é notório o surgimento de um cenário preocupante no Brasil, haja vista que o consumo irracional impacta negativamente tanto a sociedade como o meio ambiente. Nesse viés, observa-se que essa problemática possui origens históricas e sociais persistentes no país.        É pertinente analisar, a princípio, a questão sob o prisma historiográfico. Em tal panorama, é sabido que, na Grécia Antiga, o crescimento individual era alcançado pela prática da dialética e da filosofia e, desse modo, isso era tido como ideal a ser buscado. Hoje, todavia, houve uma ruptura de paradigmas, uma vez que, conforme o sociólogo francês Jean Baudrillard, o consumo se tornou uma nova e específica ferramenta de socialização e, enfim, o preceito almejado pelos indivíduos contemporâneos. Consequentemente, o consumismo tornou-se um hábito entre a população brasileira, porém aqueles que possuem a renda como fator limitante ao consumo são, na maioria das vezes, excluídos de determinados grupos, visto que não exercem a prática consumista tida como prestigiosa socialmente.       Vale assinalar, também, que a mídia possui um papel preponderante na resolução desse impasse. Entretanto, é vista uma inação por parte dessa instância na promoção de hábitos de consumo sustentáveis e, em muitos casos, há a atuação de modo contrário, pois são inúmeras as peças publicitárias que incentivam o consumo indiscriminado. Por conseguinte, tendo em vista o pensamento do filósofo alemão Habermas de que há uma cegueira moral em relação à responsabilidade do homem para com o seu meio ambiente, uma parcela da população compra sem refletir acerca da real necessidade e, muitas vezes, sem saber quais impactos seu ato gerará. Nessa ótica, o meio natural é afetado pelas intempéries dessa ação, como o acúmulo de lixo em corpos de água e o desmatamento para extrair matéria-prima do que será então produzido.        Depreende-se, portanto, que há necessidade de medidas concretas para atenuar o hábito de consumo irracional no Brasil. De início, urge que o Ministério da Educação insira a discussão acerca da educação financeira como pauta do ensino fundamental e médio, por intermédio de jogos de caráter lúdico que estimulem a administração e o controle de crédito entre o público jovem, a fim de diminuir o grupo populacional que age compulsoriamente e não sabe planejar suas compras. Em adição, o Poder Judiciário deve, por meio de uma jurisprudência específica, tornar mais rígida a filtragem sobre propagandas, sobretudo aquelas incentivam a compra sem precedentes, objetivando diminuir a prática consumista. Assim, poderá ser notado, com efeito, um corpo social em homeostase.