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Enviada em: 08/04/2018

A implantação do Plano Real em 1994 pôs fim aos altos índices inflacionários da época e trouxe estabilidade para a moeda brasileira, reconfigurando o padrão de consumo. No entanto, os hábitos de consumo no Brasil hodierno, remontam a um consumismo indiscriminado, responsável pelo alto endividamento dos brasileiros, o que é refletido de forma negativa em um cenário de recessão econômica. Nesse contexto, é válido ponderar como a negligência estatal e a necessidade da mudança de comportamento por parte do corpo social, configuram a problemática.         Em primeiro plano, a negligência do Estado sob o prisma da falta de regulamentação contínua no que concerne a liberação de crédito por parte das instituições financeiras, espelha um dos agravantes. Isso acontece devido à facilidade de obtenção de crédito proposta por algumas instituições bancárias no país, as quais não levam em consideração a responsabilidade econômica do indivíduo na concessão do crédito, o que leva ao agrave do endividamento. Exemplo disso é o aumento das dívidas de 60,8% das famílias brasileiras em 2017, de acordo com dados da Confederação Nacional do Comércio. Em virtude disso, uma sociedade inflada por uma era capitalista que suprime o consumo voltado para uma economia saudável em detrimento de um consumismo desenfreado - direcionado ao lucro incessante – tem-se a potencialização do consumo, haja vista a facilidade do mercado em conceder crédito.       De outra parte, os filósofos alemães Adorno e Horkheimer, com o termo “Indústria Cultural” defendem que o indivíduo permanece condicionado aos aspectos socioculturais vigentes. A partir disso, a instituição do consumismo como uma forma de evidenciar poder aquisitivo pela sociedade atual, estabelece distinções entre os indivíduos e reafirma as disparidades socioeconômicas. Nessa linha de pensamento, os hábitos de consumo supérfluos, com o desejo de enquadramento social, acarretam perda da noção identitária do indivíduo, que passa a ser massa de manobra. Ademais, a promoção de propagandas midiáticas, principalmente destinadas ao público infantil, que enfatizam o consumo associado a um falso sentimento de felicidade, também tem corroborado para a questão.          Torna-se evidente, portanto, ações interventoras capazes de atenuar o consumismo desenfreado no Brasil. Em razão disso o Ministério da Educação, deve realizar uma reforma curricular, incluindo a disciplina de educação financeira nos anos iniciais do ensino fundamental, com o intuito de disseminar a importância do planejamento financeiro aliado a um consumo crítico e responsável, desde o início da formação. Por fim, cabe às ONGs a promoção de campanhas nas redes sociais, destinadas a sociedade em geral, visando estabelecer a importância de romper com paradigmas sociais e a adesão a um consumo inteligente que tenha além do controle financeiro, um viés sustentável.