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Enviada em: 08/04/2018

Prática nociva    A Terceira Revolução Industrial, caracterizada pelo amplo conjunto de mudanças tecnológicas, com profundo impacto econômico e social, trouxe consigo o aumento do consumo e, consequentemente, uma priorização do mercado capitalista em detrimento das relações pessoais. Com efeito, faz-se necessário pautar, em pleno século XXI, a forma com que a posse de bens materiais influencia o corpo social, bem como o papel da mídia nos hábitos de consumo.     Em primeira instância, na sociedade contemporânea, o “ter” se sobrepõe ao “ser”. A esse respeito, o filosofo britânico Bertrand Russel afirma que não é a posse de bens materiais que mais seduz os homens, mas o prestígio decorrente dela. Desse modo, as pessoas compram, em sua maioria, apenas para obter status social - esse que, por sua vez, é transitório. Todavia, enquanto o monopólio material for mais relevante do que o caráter dos indivíduos, a sociedade brasileira será obrigada a conviver com um dos mais graves impasses para a hodiernidade: o consumo desenfreado.     De outra parte, a mídia contribui, demasiadamente, para a aquisição de bens supérfluos. Nesse contexto, o historiador Sérgio Buarque de Holanda constatou que os brasileiros são suscetíveis às influências estrangeiras, e a publicidade atual, é consequência direta da globalização. Destarte, empresas renomadas diversificam propagandas e produtos, a fim de impor aos indivíduos o desejo pela compra e o descarte de mercadorias pouco utilizadas, para darem espaço a outras modernas e “essenciais”. Contudo, não é razoável que, em um país que se constitui Estado Democrático de Direito, o poder público seja indiferente à imposição publicitária aplicada aos seus cidadãos.      Urge, portanto, que o consumo exacerbado seja atenuado no Brasil. Nesse sentido, o Ministério da Educação precisa instituir nos núcleos educacionais aulas sobre consumo consciente desde a adolescência, pois é nesse período que os indivíduos começam a entrar, de forma mais decisiva, no mercado capitalista. Essa iniciativa seria importante para conscientizar essa faixa etária sobre os riscos e prejuízos advindos da compra impulsiva de bens materiais. À mídia, cabe utilizar-se de sua capacidade de propagação de informação para difundir campanhas governamentais que visem a incentivar a reutilização de produtos, e não o seu rápido descarte, com o intuito de minimizar os efeitos da obsolescência programada. Com a adoção dessas medidas, o consumo imoderado diminuiria e evitará que se perpetue, no Brasil, essa prática nociva.