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Enviada em: 04/04/2018

Empresas multinacionais investem capital em diversos países visando sobretudo o lucro e interesses privados. Um país como o Brasil, ainda hoje marcado por uma enorme lacuna social, tem sua dinâmica econômica determinada por essa lógica. Nesse contexto, o consumismo aparece aqui como comportamento coletivo que aliena a própria coletividade de suas demandas específicas.    As estratégias usadas pelo mercado para moldar os padrões de consumo se reportam diretamente ao surgimento das tecnologias de comunicação em massa. O surgimento da TV na segunda metade do século XX no Brasil pode ser lido como sintoma disso. A informação circula cada vez mais e para um maior número de pessoas, contudo, se articula de maneira mais controlada, seletiva e interessada.     Nessa "sociedade do espetáculo", para usar um conceito do filósofo Guy Debord, a intenção do ato comunicativo não é construir a consciência do sujeito, mas persuadi-lo. Mesmo a realidade social é representada, seja no cinema ou no jornal, por exemplo, com a intenção de nos convencer sobre como devemos organizar nosso desejo, sem levar em conta os seus limites materiais e que não somente a relação com o objeto é ponto de satisfação, mas também a interação com o outro.     Logo, o consumo consciente é na verdade consumo para o inconsciente. Lacan foi um dos primeiros a apontar a relação entre o consumo da mercadoria e a ilusão de completude provocada no sujeito. A mente permanece estável somente enquanto consome, ao passo em que o mundo externo continua com suas contradições e problemas, o que demanda o retorno ao consumo para o retorno à estabilidade.       É necessário, portanto, trocar a lógica do interesse privado pela lógica do interesse coletivo. O Governo Federal deve atuar na regulamentação de campanhas publicitárias, enquanto os Governos dos Estados e Municípios devem investir na criação de espaços culturais, que concentrem atividades como esporte e lazer, para a comunidade dialogar sobre suas demandas.