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Enviada em: 09/09/2019

A série americana "Grey's Anatomy", em sua décima primeira temporada, retrata a morte do personagem Derek devido à um erro médico. Esse ocorrido, apesar de ficcional, assemelha-se em muito à realidade da profissão médica, visto que esse campo de atuação interage diretamente com a vida e as questões relacionadas a um ser humano. Dessa forma, tanto a boa conduta dos profissionais quanto a consciência do paciente são elementos necessários para que se estabeleça os limites entre o erro médico e a responsabilidade criminal.            Sob tal ótica, segundo o Conselho Federal de Medicina, baseado no Código de Ética Médica, erro médico consiste na conduta profissional inadequada, caracterizada por imprudência, negligência ou desleixo no tratamento. Na prática, entretanto, a difícil distinção entre um erro e a consequência inesperada de uma ação consciente e correta deixa os médicos vulneráveis a processos criminais. Isso é agravado, ainda, pela escassez de mecanismos e orientações que o médico dispõem para se defender e averiguar sua conduta.              Por uma outra perspectiva, o paciente também possui grande contribuição na realização de um serviço de saúde eficaz. É comum o médico ser alvo de responsabilização quando o paciente, frustrado, se depara com um resultado divergente do almejado. Além disso, por vezes o paciente omite informações importantes, como medicações e procedimentos anteriores, o que atrapalha a visão geral do médico e a sua tomada de decisão. Esses fatores podem acarretar em problemas para o próprio indivíduo e prejudicar o médico em sua carreira.               Infere-se, portanto, que medidas são necessárias para distinguir a natureza da ação médica. Assim, cabe ao Conselho Federal de Medicina a promoção de treinamentos que ensinem aos médicos o preenchimento detalhado do prontuário, bem como a consulta com outros profissionais, a fim de conferir maior aporte de segurança ao médico em casos de imprevisto. Ademais, cabe ao paciente o entendimento das limitações do médico enquanto ser humano e a exigência da formalização dos procedimentos, para que em casos de erros médicos o paciente obtenha ferramentas para proteger-se efetivamente. Dessa forma, casos fatais como o de Derek distanciar-se-ão da realidade comum brasileira.