O Método Científico, conjunto de regras básicas à realização de experimentos e comprovação de hipóteses, destaca-se pelo uso da lógica e do senso crítico como instrumentos de prática, em decadência do pensamento comum e religioso. Nesse contexto, verifica-se, na contemporaneidade, a desvalorização científica em decorrência da crença em conteúdos do meio informacional e a presença influente da mídia em incentivar o indivíduo a obter e consumo produtos da indústria farmacêutica. Ademais, a aquisição de insumos farmacológicos coloca em risco a saúde do brasileiro, sobretudo pela ineficiência estatal e o desvio do real risco da automedicação. Em primeiro plano, vale ressaltar a perda do poder governamental em alertar a sociedade quanto os riscos de persuasão da indústria farmacêutica. A esse respeito,o sociólogo Zygmunt Bauman elaborou em sua obra, Modernidade Líquida, o conceito das "instituições zumbis", cuja função foi perdida, embora mantém - a qualquer custo - sua forma. Analogamente, observa-se que, com a desvalorização do profissional de saúde e o descontrole expansivo da publicidade virtual, o governo brasileiro se encaixa na caracterização de Bauman, a medida que a produção de medicamentos e o fomento midiático ao consumo forneça a ilusória definição de saúde. De outra parte, a imprudência da automedicação reflete - hoje - um quadro crítico na saúde brasileira. Nesse viés, o aparecimento das chamadas superbactérias, ocasionado pelo uso indiscriminado e sem prescrição de antibióticos, dificulta a sociedade científica na busca em combater os agentes microbianos, de modo que, enquanto a população mantiver e impulsionar a cultura da automedicação, a saúde pública estará em riscos. Além disso, o crescimento no número de farmácias tem favorecido a cultura do remédio, conforme pesquisa do Conselho Federal de Farmácias em que há no país pouco mais de 87000 farmácias em todo o território, ao passo que acarreta o distanciamento do conceito de saúde da Organização Mundial da Saúde, que exprime ser o estado de completo bem-estar físico, mental e social. Destarte, urge a primordialidade de ações governamentais que visem atenuar a problemática. Para isso , cabe ao Estado, junto com o Ministério da Educação, implantar na disciplina de Biologia o estudo dos efeitos em ingerir medicamentos, sem o aval médico, para a saúde do organismo por meio de palestras dirigidas por profissionais da área e aulas direcionadas. De outro modo, é imprescindível o incentivo estatal, através dos veículos midiáticos, á população brasileira adquirir hábitos alimentares saudáveis e práticas de atividades físicas, no intuito de reduzir a necessidade de ingerir insumos farmacológicos e garantir o direito constitucional a saúde de qualidade.