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Enviada em: 14/06/2019

A partir da letra “Corrida para vender cigarro/Cigarro para vender remédio”, da banda brasileira Engenheiros do Hawaii, pode-se confirmar a análise de Marx, segundo a qual, na sociedade capitalista, tudo é convertido em mercadoria, até mesmo a saúde. Tal ideia se aplica à indústria farmacêutica hodierna que, ao tentar vender seus produtos a qualquer custo, inflige danos à saúde da sociedade. Nesse sentido, os males causados ao bem-estar físico e psicológico da população pela exposição e uso excessivo de medicamentos atestam a periculosidade da indústria farmacêutica.    Em uma primeira análise, é indubitável que a mercantilização da saúde pela indústria de fármacos traz consequências ao corpo. Dentro desssa lógica, a constante exibição de propagandas apelativas de remédios estimula o consumo desnecessário de produtos que possuem, muitas vezes, efeitos colaterais, como aumento da pressão e problemas cardiovasculares. Prova disso é que o crescimento da venda dessas drogas é concomitante ao aumento de 30%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), da incidência de doenças derivadas do excesso de medicação ao redor do mundo. Dessa forma, a integridade física da população é ameaçada pela fácil disponibilidade dessas drogas.       Não menos importante são os males causados ao bem-estar psicológico das pessoas pela indústria farmacêutica. Segundo Brás Cubas, personagem de Machado de Assis, a hipocondria seria o maior infortúnio da humanidade, à qual instava uma cura. Contudo, essa utopia não é efetivada nos dias de hoje, visto que a sociedade, submetida a cada vez mais informação, preocupa-se de maneira exagerada com a própria saúde. Assim, à hipocondria se sucede a ansiedade e a depressão, e para todas os comerciais de remédios oferecem “soluções”, que são compradas por pessoas em estado de fragilidade. Destarte, Brás Cubas tenderia ao pessimismo no atual cenário.    Portanto, é mister que o Estado tome providências para melhorar o quadro atual. Com o fito, então, de minimizar os prejuízos à saúde pública derivados do consumo excessivo de medicamentos, urge que o Congresso Nacional restrinja, por intermédio da criação de leis, o anúncio de fármacos em quaisquer mídias. É dever também do Ministério da Saúde a restrição da venda de um maior número de remédios com potenciais danos colaterais, mediante a obrigatoriedade da receita médica para a compra desses. Assim, talvez se possa satisfazer ao ideal de Brás Cubas.