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Enviada em: 18/06/2019

No livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, Machado de Assis apresentou, por meio do protagonista, a tentativa de criar um emplasto, a qual à medida que curasse a melancolia humana, trouxesse lucro e reconhecimento. É em um contexto parecido que a indústria farmacêutica trabalha, haja que se utiliza da necessidade de tratamento de doenças como atividade rentável. Todavia, à proporção que esse trabalho pode ser capaz de cuidar de problemas simples, também pode agravá-los, visto que não há um guia quanto à utilização desses remédios. Assim, a dialética entre o imediatismo para tratar doenças e os efeitos colaterais da automedicação torna-se alvo de discussão à cerca dos perigos da rede farmacêutica.           Primeiramente, é necessário avaliar que o trabalho de indústria de remédios pode ser uma ótima alternativa para acelerar tratamentos e reduzir filas de hospitais. Evidentemente, o serviço imediatista oferecido pela rede farmacêutica mostra-se benéfico, visto que desconstrói a necessidade de ir às unidades de pronto atendimento para cuidar de doenças simples. Segundo Walter Benjamim, as vantagens de acessibilidade do mundo hodierno garantem maior dinamismo quanto à resolução de problemas. Analogamente ao exposto, a agilidade da automedicação guiada pela rede de remédios, não só potencializa o processo curativo, como também diminui a superlotação dos hospitais.         Em segunda instância, frente à agilidade da indústria farmacêutica, na tentativa de lucrar, esta negligencia a prescrição e a utilização de seus produtos. Esse cenário advém da necessidade de vender mais, que por consequência, incita o mau uso de remédios, uma vez que este se tornou sinônimo de consumo. De acordo com Karl Marx, o capitalismo prioriza os lucros em detrimento dos valores, pois utiliza-se da ética como atividade rentável, conforme Brás Cubas com o emplasto. Diante do supracitado, nota-se que na busca por lucros, o desmantelo da rede farmacêutica à cerca do uso de remédios e da automedicação pode gerar efeitos colaterais ou agravar problemas.         Em suma, evidencia-se que da mesma forma que os serviços da indústria de remédios ajudam com tratamento, também demonstram-se danosos sem a devida orientação. Nesse âmbito, cabe ao Governo Federal, por intermédio do Ministério da Saúde, fiscalizar com rigor a venda de remédios, além de criar a plataforma digital “Saúde para todos”. Nela, deve haver prescrição médica online e formas de utilização de medicamentos para doenças simples, ademais, orientará a recorrência para hospitais em casos complexos e suspeitosos. Portanto, com finalidade de utilizar-se dos serviços da rede farmacêutica para potencializar e acelerar o sistema de saúde de forma segura. Desse modo, diferentemente de Brás Cubas, privilegiar o tratamento em detrimento dos lucros.