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Enviada em: 27/06/2019

Uma dos maiores diferenciais do homem, se comparado aos demais animais, é o desenvolvimento da medicina, ciência que proporcionou melhorias incalculáveis na qualidade de vida de qualquer ser humano que já existiu, que existe ou que virá a existir. Esse benefício é, em parte, devido aos avanços nas terapias medicamentosas. Porém, é de se ressaltar que o enorme progresso desses tratamentos atraiu olhares gananciosos que não possuem o bem-estar humano como foco. Dessa maneira, é pertinente analisar as consequências da excessiva "comercialização" da saúde humana.    De início, a capacidade de pressionar órgãos legislativos, como o Congresso Nacional, faz da indústria farmacêutica, aquela que detém o mapa do tesouro da saúde humana, um grupo econômico que deve ser constantemente monitorado pela população e por órgãos fiscalizadores. O parlamento brasileiro, nos últimos cinco anos, vem tentando aprovar, sorrateiramente, projetos de lei que flexibilizam o controle exercido por órgãos regulatórios sobre empresas farmacêuticas, especialmente no que tange a medicamentos que possuem grande circulação junto ao público, como analgésicos e anti-hipertensivos, já que estes respondem, segundo pesquisa da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, por mais de 50% do faturamento bruto do setor farmacêutico.     Aquelas duas classes de medicamentos são, ironicamente, os remédios que mais são marquetados pelos fabricantes; além disso - e este aspecto é deixado de lado nas propagandas -, elas tratam queixas que, frequentemente, podem ser corrigidas sem o auxílio da via medicamentosa, como a dor de cabeça (geralmente, uma noite de sono adequada e o uso de óculos sanam a maior parte dos casos) e a hipertensão arterial (em quase todos os casos desse problema há dois fatores em comum que, se corrigidos, solucionariam-no: a alimentação ruim e a falta de prática de atividades físicas). A principal decorrência das propagandas promovidas pela indústria farmacêutica é a supervalorização da remediação em vez da prevenção, algo que acaba por tornar os indivíduos de uma sociedade muito mais propensos a gerirem a própria saúde de maneira passiva, ou seja, aguardando que os problemas apareçam para então tomarem atitudes, do que buscarem uma vida menos danificada pelos vícios comuns à contemporaneidade.  Dessa forma, é necessário que a Presidência da República crie um conselho exclusivamente técnico, proibida qualquer indicação política, dotado de competência exclusiva para aprovar ou rejeitar a venda de remédios no Brasil, bem como para realizar, por conta própria, pesquisas que verifiquem a autenticidade daquilo que é afirmado pela indústria farmacêutica. Ainda, a Presidência exigirá, mediante decreto, que esta indústria destine parte de seu faturamento à promoção de iniciativas de saúde.