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Enviada em: 01/07/2019

No filme "Amor e outras drogas", um representante de produtos farmacêuticos conhece a protagonista em uma de suas visitas a consultórios médicos e dali surge uma grande paixão. Fora das telas, a vida não é uma comédia romântica, e a indústria farmacêutica, junto de seus representantes como o personagem do filme, pode trazer perigos para a população. Dentre eles, podem-se ressaltar os problemas de saúde advindos de interesses particulares respaldados pelo lucro e as consequências do uso indiscriminado de remédios.       A princípio, é preciso ressaltar que a maximização de lucros é um objetivo das indústrias farmacêuticas. Nesse sentido, segundo uma reportagem da revista Superinteressante, 70% do faturamento de empresas desse setor vêm dos remédios vendidos sob prescrição médica. O problema é que, para alcançar esse número, os representantes de vendas oferecem bonificações e brindes aos profissionais da saúde, a fim de que receitem seus produtos. Tal parceria é nociva, pois grande parte das drogas apresentam efeitos colaterais, os quais, muitas vezes, são omitidos pelos médicos e podem causar problemas de saúde nos pacientes. Com efeito, isso vai de encontro ao código de ética médica e se choca com o imperativo categórico, do filósofo Kant, cuja premissa é a de agir baseado em valores universais e isentos de interesses particulares, o que não é observado nesse caso.       Somado a isso, é indispensável frisar os riscos que o uso indiscriminado de fármacos pode acarretar. Por conta do fácil acesso aos remédios, é comum que pessoas se automediquem ou utilizem os medicamentos de forma arbitrária. Nesse contexto, cabe mencionar o perigo das superbactérias: organismos resistentes a antibióticos originadas do mau uso destes. Em decorrência disso, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, só em 2012, foram registados quase dez mil casos de bactérias resistentes a remédios nas UTIs do país. Esse dado é preocupante, visto que tais agentes dificultam o tratamento de infecções e colocam a vida de muitos indivíduos em risco.       Fica claro, portanto, que a indústria farmacêutica pode trazer perigos à saúde coletiva. Para reverter esse fato, o Conselho Federal de Medicina deve coibir parcerias abusivas com os representantes das indústrias em questão. Isso pode ser feito pois meio de uma revisão no Código de Ética Médica que limite as bonificações recebidas, sob pena de suspensão da carteira médica, de modo a impedir a prática baseada em interesses particulares. Ademais, o Ministério da Saúde, em parceria com a ANVISA, deve promover campanhas mediante publicações em redes sociais que expliquem a importância do consumo consciente de medicamentos, a fim de inibir seu uso indiscriminado. Assim, a relação das pessoas com esse meio industrial será mais transparente e segura.