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Enviada em: 30/06/2019

Durante a República Velha, no Rio de Janeiro, a Revolta da Vacina teve como uma de suas principais causas o medo da população perante os medicamentos, naquele caso às vacinas, que nunca lhes haviam sido apresentados. Contudo, atualmente há a inversão desse cenário, de modo que, diante da facilidade de acesso à fármacos, enfrenta-se a problemática da automedicação em massa.       A priori, de acordo com o doutor Dráuzio Varella, uma das principais causas do consumo exagerado de medicamento é a facilidade com que podem ser comprados nas farmácias brasileiras. Diante disso, percebe-se que a produção e venda exagerada de remédios, iniciada no país a partir do governo de Getúlio Vargas, tem cunho capitalista, visto que esse comércio resulta em lucros milionários para a indústria farmacêutica. Desse modo, é natural que os fabricantes invistam em propagandas e comerciais em redes públicas, a fim de vender cada vez mais o seu produto. Entretanto, ao considerar apenas a parte financeira, esquece-se o crescente adoecimento da população, problema advindo muitas vezes do consumo exagerado desses medicamentos.       Nesse viés, o documentário "Take Your Pills", disponível na Netflix, trata sobre uma pesquisa realizada perante o fármaco Adderall, capaz de dar energia ao consumidor, para que esse possa produzir mais no ambiente de trabalho. Porém, assim como mostrado nessa produção, a cultura da automedicação traz consequências graves para a saúde de quem a prática. Em consonância, pesquisas do ICTQ (Instituto de Pós-graduação para Profissionais no Mercado Farmacêutico) mostraram que 79% da população toma remédio por conta própria. No entanto, sem consulta médica, o enfermo pode piorar sua situação ao escolher medicamentos errados para seu quadro, correndo riscos que, em casos extremos, podem levar a morte.        Desse modo, é incontestável a necessidade de intervenção na automedicação. Logo, o Ministério da Saúde, em conjunto com o Poder Legislativo, deve criar uma lei rigorosa que dificulte a compra de medicamentos sem receita médica, por meio de pesquisas que exponham fármacos que podem trazer riscos ao paciente, de maneira que esse busque auxílio profissional perante desconfortos. Pois, só assim haverá prevenção para problemas mais graves de saúde, como Oswaldo Cruz foi capaz de fazer em 1904.