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Enviada em: 03/07/2019

Em 1928, o médico Alexander Fleming descobriu, de maneira acidental em um de seus experimentos, a penicilina. Desde então, houve verdadeira revolução na maneira com que as doenças são tratadas e, além das várias vidas que foram salvas nesse processo, uma das grandes beneficiadas foi a indústria farmacêutica. No entanto, é importante salientar que ela também pode trazer perigos para a população como problemas de saúde advindos de interesses particulares respaldados pelo lucro e consequências da oferta irrestrita de medicamentos.       A princípio, é preciso ressaltar que a maximização de lucros é um objetivo desse ramo industrial. Nesse sentido, segundo uma reportagem da revista Superinteressante, 70% do faturamento de empresas farmacêuticas vêm dos remédios vendidos sob prescrição médica. Porém, para alcançar esse número, os representantes de vendas oferecem bonificações e brindes aos profissionais da saúde, a fim de que receitem seus produtos. Por conseguinte, tal parceria é nociva, pois grande parte das drogas apresentam efeitos colaterais, os quais, muitas vezes, são omitidos pelos médicos e podem causar problemas de saúde nos pacientes. Com efeito, isso vai de encontro ao código de ética médica e se choca com o imperativo categórico, do filósofo Kant, cuja premissa é a de agir baseado em valores universais e isentos de interesses particulares, o que não é observado nesse caso.       Outro perigo a ser analisado advém da oferta irrestrita de fármacos, a qual abre margem para problemas como a automedicação. Dessa forma, por ser um nicho mercadológico, a indústria farmacêutica deixa seus produtos ao alcance da população que, se não for bem orientada, faz uso incorreto deles, podendo originar as superbactérias: organismos resistentes a antibióticos. Em decorrência disso, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, só em 2012, foram registados dez mil casos de bactérias resistentes nas UTIs do país. Esse dado é preocupante, visto que tais agentes dificultam o tratamento de infecções e colocam a vida de muitos indivíduos em risco.       Fica claro, portanto, que a indústria farmacêutica pode trazer perigos à saúde coletiva. Logo, para reverter esse fato, o Conselho Federal de Medicina deve coibir parcerias abusivas com os representantes das indústrias em questão. Isso pode ser feito por meio de uma revisão no Código de Ética Médica que limite as bonificações recebidas, sob pena de suspensão da carteira médica, de modo a impedir a prática baseada em interesses particulares. Ademais, o Ministério da Saúde deve promover campanhas mediante publicações em redes sociais que expliquem a importância do consumo consciente de medicamentos, a fim de inibir seu uso indiscriminado. Assim, a relação das pessoas com esse meio industrial será mais transparente e segura.