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Enviada em: 17/07/2019

O uso de tratamentos para doenças não é um fenômeno recente. Seja na utilização de plantas medicinais, seja no uso de químicos alterados em laboratórios, buscar atenuar os efeitos de algum patógeno é um anseio histórico. Porém, o advento de novas tecnologias, o avanço científico e as novas técnicas de produção, criaram a indústria farmacêutica, cuja periculosidade se demonstra quando essa é a causadora de grandes problemas sociais.  Em primeira análise, é válido destacar que por se tratar de um modelo industrial, os oligopólios dos remédios trabalham visando o lucro e, assim, segregam os que não podem acessar os medicamentos. Essa separação intensifica o abismo existente no acesso à saúde - garantida em Direitos Internacionais, aos quais os países se comprometeram a cumprir - , na medida em que garante bem-estar aos ricos, e negam aos pobres. A comprovação de tal barbárie se demonstra em muitos dos países africanos, onde diversas doenças, já erradicadas no mundo, perseveram como problemas reais. Comprova-se, com isso, a obscura elitização da saúde no mundo.  Em outra perspectiva, é importante salientar que essa indústria, além de agir com grande irresponsabilidade, fortalece os esteriótipos de aparência na sociedade contemporânea. Esses conceitos de beleza, que jamais deveriam ser padronizados, se manifestam através do marketing feito pelas empresas no momento em que se estimula o uso de determinados remédios ou suplementos alimentares, argumentando ser para  se conseguir um corpo saudável. Além disso, atrelado a uma falta das agências reguladoras, observa-se o uso de meias-verdades, distorcendo o pensamento científico, tendo em vista vender seus produtos, enquanto desconsidera os efeitos de seu uso. Por consequência, o uso desenfreado de medicamentos proporciona o lucro das gigantes da farmácia, ao passo que prejudica, à longo prazo, a saúde de bilhões de pessoas.  Faz-se necessário, portanto, discutir caminhos que resolvam a atual problemática. Essas medidas devem abranger, em primeiro lugar, o fortalecimento das agencias reguladores pelos governos, visando um maior controle na forma de divulgação dos fármacos. Além disso, as Universidades devem intensificar as disciplinas que valorizem a formação humanística de profissionais da saúde, com consciência nos efeitos de suas fórmulas nos outros, e não apenas com vistas ao enriquecimento. E por fim, as ONGs que trabalham nessa área devem promover debates e palestras com a população, buscando desenvolver uma visão mais ponderada no uso de medicamentos.  Somente assim, não será a sociedade moderna envenenada pelas suas próprias descobertas.